sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O DIA SEGUINTE

Como se não lhe bastasse a insônia, seu desconforto horizontal o cuspira dezenove graus noroeste de seu abastado leito, ao chão.
Bastardo. Ou não.
Não importa se cedo, sua falta de motivos o fez levantar.
Seguiu maquinal o trajeto de sempre. Tal como se nunca pudesse opções.
O regozijo de fora o murchava por dentro.
Da margem ao centro, a enorme azia em erupção.
Litros de água sem qualquer que seja o efeito; se foste assim tentativa de ressureição.
A ressaca.
O por quê do dia seguinte.
Tabaco por vícios. Amargo por vários. Amado por poucos.
Porém era este o dia. Seguinte.
E seguiu.
O sol da janela ardia. É, ainda é dia.
Um banho? Pra toda essa banha?
Talves só o fluxo e o barulho da água. Inodora.
É, pra ele era hora.
E foram-se quartos de hora no quarto de banho. Até que encharcado, murchou ainda mais.
Cabeça? Quase trinta quilos.
Os pés e as mãos, mais uns vinte. O resto são gazes.
Por dentro, arenoso o solo resseca a vida que insiste em brotar.
Porém murcha.
Porém marcha.
É dia seguinte e precisa arcar com o seu calendário.

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