domingo, 31 de dezembro de 2006

MELHORES QUE QUEM???

Não consigo de início entender o motivo pelo qual a negação tornara-se quase virtude dentro da sociedade de urgências que nós seres humanos, sustentamos como habitat natural nesse século recém adentrado. A valorização do não-ato supera a consumação deste mesmo, ainda que em prévio julgamento por não tão distintos conceitos. A fidalguia polida por parte de seus fruidores ao ostentar um privilégio fadado à proibição, é rebuscada, porém insuficiente para deter de minha convivção similar ao sujeito. A suposta ufania ou o hipotético grau de evolução alcançado por aqueles que insistem em se privar de certas experiências pode vir a ser reduzida, não pelo próprio benefício alcançado, e sim pela enorme gabança ofertada em prepotentes salivas que, como de costume, chovem em nossa direção. "Eu não faço isso... Eu não uso aquilo... Isso eu não como... Não assisto isso outro... " Locuções triviais que espelham tal negação e que, curiosamente desde os primóridos, vêm amalgamadas no conceito de deter o poder de total soberania negligente. A negação por parte do estado, do clero e mesmo dentro da hierarquia familiar é entendida como sábia e inquestionável, enquanto a aceitação e a libertação de seus próprios preconceitos é malquista por aqueles que querem deter o poder sobre a ordem. A prepotência relacionada ao juízo se confunde no direito individual de escolha, fazendo de um hábito de início saudável, uma supremacia ideológica nociva e tendenciosa. Fora o status ilegalmente adquirido por parte de nossos contraventores à privação de suas atitudes. Intelecutais? Cults? Sábios? Evoluídos? Melhores que quem????????

sábado, 30 de dezembro de 2006

JUNTO COM O ANO PASSADO

Não tens a idéia de quão mudo eu hoje faria-me.
Para não ter cuspido de volta, as flores que me soprastes na cara.
Não fazes idéia. O quão surdo seria necessário.
Para tal desprazer de insulto, ainda que mal entendido e partindo de minha pessoa. Sempre.
Não tens idéias de minha suposta cegueira. É negra! É totalitária.
Não busco mais, o que não pretendo encontrar. Confundo-me em seus pormenores. Ou meus.
Não fazes idéia o quão machuquei. O quão fui machucado.
E desvalido de minhas condições sensitivas, morri.
Por aproximadamente todo o final desse ano.

SUPORTE SEM SORTE

A culpa pesava-me a espádua ainda de véspera. Fadada à mofina eleição de destino. Porém, de boa intenção. Humor travestido em cena. Ora a favor de minha intenção, ora em torpe negligência voraz. Tornava-me por vez, réu de minhas próprias utopias. Não imaginava o quão turbulento seria o processo de curta delonga. E foi. Castrara-me desde a prévia notificação coerente do fato. Não me importavam a data, o cenário e tampouco as suas questões aparentes. Era apenas um modo ingênuo de entender o espaço. E suas dualidades. Ainda que tão individuais ao senso comum da presença enfim, tão requisitada.

DURALEX SED LEX

- Na Flórida, Estados Unidos, é proibido amarrar um Jacaré num hidrante
- Em Ontario, no Canadá, a lei proíbe a compra de preservativos por pessoas do sexo feminino
- Na Tunísia, é proibido pescar ou comercializar carne de dragão
- Em Calcutá, na India, é proibido recitar poemas publicamente
- Em Argos, na Grécia, é proibido despedir duas vezes da mesma pessoa
- Na Patagônia, é proibido dançar músicas latinas
- No Cairo, Egito, é proibido viajar mais de cem milhas sem agasalho
- Em Alexandria, também no Egito, é proibido matar um camelo de sede
- Na Polinésia é proibido o uso de bermudas azuis
- Em Budapeste, na Hungria, a lei proibe qualquer tipo de leitura pagã
- Em Mineápolis, EUA, é proibido tingir os cabelos grisalhos

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

APRECIE COM MODERAÇÃO

Ian Kevin Curtis nasceu na metade dos anos 50, na cinzenta Manchester, porção noroeste da ilha briância. Fundador e vocalista da banda Joy Division, surgida em meio ao movimento pós-punk na Inglaterra, Ian foi responsável por criar um estilo inédito na cena musical do cenário esquivo da época. Sua música não era divertida, nem mesmo de protesto, e sim uma forma de expressar os sentimentos mais profundos e remotos que assolam o ambiente interno do ser humano. A atmosfera obscura e o lirismo depressivo, angustiante, e por vezes decadente, firmaram a identidade da banda além de influenciar diversos artistas na década de 80. O nome Joy Division surgiu de um livro sobre práticas sádicas nos campos de concentração alemães, intitulado “The House Of Dolls”, escrito por Karol Cetinsky. Poeta, visionário, depressivo e epilético, Ian Curtis norteava os caminhos do Joy Division. O seu estilo frenético no palco reflectia a sua condição de epiléptico. Seu comportamento, assim como seus ideais, revelavam uma mente perturbada e aflita. Esta que criava temas sombrios e letras que divulgavam um completo desespero solitário, como é possível perceber na sua modesta obra. Casou-se com Deborah Woodruff em 23 de Agosto de 1975 em Henbury. Depressivo, comete suicídio por enforcamento aos 23 anos de idade após assistir ao filme "Stroszeck", de Werner Herzog. Foi encontrado morto no apartamento onde morava com Deborah, e sua filha de apenas 1 ano, no dia 18 de maio de 1980. No toca discos ainda rolava “The Idiot”, do Iggy Pop e, num bilhete, Ian confessava: “Neste exato momento, eu queria estar morto. Eu simplesmente não agüento mais”.Com o fim do Joy Division, os outros integrantes decidiram continuar com a música. Mudaram o nome da banda para New Order e apostaram num som um pouco mais dançante, embora a atmosfera melancólica, herança do Joy Division, tenha sido inevitável.

NEGÓCIO DA CHINA

Jacaré comprou esteira
Pois não tem bunda pra cadeira

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

E QUE RIR POR ÚLTIMO?

Da enferma gengiva brotavam-lhe poucos pilares de cor girassol. Ensopados demais por tenaz alegria. Riso este em sulco, que rasgava-lhe toda a derme em longo chedeiro. Trazendo ao semblante avelhado, a puerícia de outrora ainda em recordo. Relíquia abundante em trêmulas palmas. Desconhecia por certo o pretexto eufórico de tamanha desobediência senil. Partia apenas de um ardiloso sorriso baguela. Este que remetia à toda uma vida, em um único gesto delgado de jubiloso receio.

11 BLOGS INTERESSANTES

- http://gurilamangani.blogspot.com/
- http://phyzionvideos.blogspot.com/
- http://www.introdusom.blogspot.com/
- http://www.nalage.blogspot.com/
- http://unedevent.blogspot.com/
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- http://www.umpordia.blogspot.com/
- http://bau-wulffmorgenthaler.blogspot.com/
- http://nocalo.blogspot.com/
- http://afeianoite.blogspot.com/

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

QUEM FOI QUE MATOU O GATO??

A curiosidade matou a charada...

POBRE DE TI

Pobre de ti
Quando aplaudiste a minha miséria
Quanto à minha infortuna falência, menti
O luxo e o lixo são mesma matéria

Pobre de ti, tão mesquinho
Avaro indiscreto e senil
Afundas, e nunca sozinho
Reles, infame e de ordem tão vil

Pobre de ti
Quando atingiste de fato a platéia
Quanto ao tombo imprevisto, me ergui
O luxo e o lixo é comum à colméia

DEZ IGUAIS E DESIGUAIS

SESSÃO MERCHANDISE

Chega à capital mineira, após doze longos anos na fila de espera, a rede de lanchonetes fast food mais afamada do meio comercial das grandes metrópoles. Nelson Lanches! Um marco na personalização de seu estilo de vida contemporâneo. Além de oferecer à seus clientes a maior variedade de alientos, todos de primeira qualidade e frutos de uma política externa ascendente que vem favorecendo tanto o comerciante quanto o consumidor, também lhes é ofertado um sistema de segurança altamente qualificado, que se tornou exemplo em todos os cantos habitáveis do globo. Globalizado. Com este novo sistema de segurança, é evitada a presença de indivíduos despreparados para o consumo no perímetro interno do estabelecimento. Isso consiste na verificação, ainda na porta de entrada da loja, da estimativa de gasto disponível pelo cliente. Caso esta não atinja os níveis almejados pela gerência do estabelecimento, o cliente é encaminhado à uma outra rede de comércio alimentício, proporcionando o giro constante de gordo capital dentro da confortável relação entre a empresa e seus usuários. Com mais de 424.798 filiais espalhadas por todos os continentes, Nelson Lanches é a rede de fast food que mais cresce no planeta, ultrapassando os níveis atingidos pela maior concorrente, nos últimos 5 anos. O padrão de higiene e de qualidade de seus produtos é inquestionável, fazendo da grande família uma excelente opção para sua dieta. Na noite de inauguração da filial belorizontina, cerca de 8000 pessoas passaram pela loja, gastando em média 45 reais cada uma. Nada mal para a primeira noite de estréia. Não deixe de fazer uma conscinte visita à lanchonete. Nelson Lanches!Isso ainda vai dar o que falar...

CALMA NOITE

No badalar do sétimo sino, a noite despenca de seu estandarte. A mesma noite que roubaste a tua lanterna em outrora. Não para apagá-la. Para iluminar outro palco, travestida de dia! A mesma noite que, quando noite, acalma os leões. Mesmo em pingos de luz o regalo, como suas estrelas em eterna oferta. A mesma noite que, felpuda à meu pés, me faz caminhar o atalho. No farol que transforma noções, em gigantes canções de ninar.

SONHO DE HOJE

Estávamos em alto e bom tom, fechando um grande negócio. Caberia a mim, apenas o veredicto final. "Chuck Norris Empreendimento Infantil" sugeri com tamanha certeza. Ao pronunciar tal alcunha, não estaria ciente de que em um futuro vizinho, seria ela o maior motivo de meu arrependimento. Bem próxima à mesa conversavam ainda de pé, uma trinca de garbosos senhores, estes quais no momento me davam às costas. "Chuck Norris Empreendimento Infantil", ressaltei. Foi quando me dei conta de que aquele infortúnio título, quando pronunciado por mim, trazia instantâneo incômodo à um dos senhores que tão perto estavam. Este de súbito, olhava discretamente pra trás. Para a ratificação de minha teoria, bradei com fervor o suposto nome da empresa, agora munido de todo meu grave potencial vocálico. Mal acabei de vociferar as quatro palaras, fui interrompido pelo próprio Chuck Norris. Este que, ao virar-se à minha direção pediu em inglês que eu me calasse, alegando jactânciade minha parte. Foi então que fiz a coisa mais imbecíl que alguém poderia ter feito, gozando de mesma situação. Levantei. "Como é que é???", retruco em pobre pronúncia. Chuck apropínqua-se com passos pesados. "Cala a boca você, caralho!!!!", insistia eu em meu erro. Há pouca distância, Chuck pára e me olha fundo aos olhos. O bar inteiro em silêncio. Petrificado, tomei meu assento cem quilos mais murcho. E gaguejando desculpas senti-me o ser mais minúsculo de todo universo.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

QUEM NUM GUENTA BEBE LEITE

Com mais do que a finco
Que digo
Só aguento mais cinco,
amigo...

PROVISÓRIO JAZIGO

Fodam-se os erros
Por demais que os cometa
São sempre os mesmos enterros
O que muda é a gaveta

PERFÍDIA PER VIEW

E ao destampar o estojo de lata oxidado pela marisia, certificou-se estar diante de um dos mais ricos tesouros dentre os quais dedicara a vida buscando. Levando em conta de que estes não foram tão poucos. Tamanha opulência valera cada segundo eterno que, desde o berço, lhe fizera prisioneiro. Tantos foram os prantos. As noites de insônia. Tantas foram as marchas, quer seja em ingnotus oceanos, quer seja em firme terra. Tantas foram as perdas. O transitório rebanho. Muitos de seus homens não puderam o gozo de semelhante ventura. Sabia ele, mais do que qualquer outro pirata de mesmo fado, que não tardaria tal vaticínio. Finalidade esta que anularia quaisquer das medidas tomadas por ele, e por toda a sua tripulação ao longo de sua penitência. Um torpe espetáculo em campanha. Porém ali estava. Diante de débil boceta de ferro, esta que portava o mais valioso dos sortilégios. Este, que em errôneas palmas, ofertaria ao mundo ilimitadas tribulações. Foi quando, em inopinado golpe, que seu juízo é então abatido por lâminas antes fiéis. E nos lacônicos últimos segundos de sua consciência, percebeu o quão pesadas eram as contrárias pegadas que se extinguiam pelo escaldante tapete, de nem tão albina areia. E esta foi a última imagem que para ele, tornara a vida infinta.

domingo, 24 de dezembro de 2006

O DIA EM QUE HÉLIO ME ESTENDEU A MÃO

Tarde cinza e de pouca neve. De poucas contradições. Ainda com o amargo peso do café nos lábios, cruzo em requinte o lustroso portal para o lado de fora. Ainda há vida em meu fraco charuto. Foi quando por distração em flerte ao solo que a ironia me veio ao encontro. Hélio trajava um hermético paletó de couro que lhe esmagava o fôlego a qualquer tosse esboçada. Um par de óculo duro, que lhe descia às narinas tais como pinças. Mais um de seus ornatos visuais. Trazia também um olhar sonolento. Os longos cabelos despenteados desciam-lhe murchos até o peito. E o mais curioso. Não estava de calças. E ao me esbarrar em sua postura efêmera, cordial como sempre, saudei-lhe com meu rouco perdão. Seco, porém olhando fundo ao meu olho, Hélio me estende a mão num coloquial cumprimento.

MAIS UMA VEZ PARA SEMPRE

O subúrbio nunca fora antes à mim, tão pálido como naquela noite de pouca lua. Os becos pareciam evitar-me, ainda que explícitos ao meu breve destino. Há muito despertencia àquele sombrio cenário. Seria impossível reconhecer-me depois de quase uma década de ausência primária. Um pouco mais leve de culpa, motivei o retorno. Não tardou o duelo. Os curtos segundos que anteciparam a queda foram de total silêncio, salvo pelo ruído do aço cortante adentrando à carne. O cheiro de pólvora fazia lembrar-me a infância. Foi quando ligeiro, saquei do bolso de meu paletó, duas patacas de réis. Depositadas então sobre os olhos da vítima, na intenção de que o Barqueiro do Inferno cumpra seu papel ao encaminhar a alma recém libertada. Pronto. Seria essa, a última vez em que tal putrefata cidade gritaria, ainda que morta de medo, o nome daquele, que mais uma vez, a abandonara para todo o sempre.

OM NAMAH SHIVAYA

Om Namah Shivaya
Shivaya namaha

Shivaya namah om

Shivaya namaha

Namaha Shivaya

Shambhu Shankara namah Shivaya

Girijaa Shankara namah Shivaya

Arunaachala Shiva namah Shivaya

Om Namah Shivaya

DIÁLOGO DE SÁBADO A TARDE

Trecho extraido de uma conversa virtual entre Viva macunaíma, corisco e oxossi (Ricardo Cançado) e CHIEN DE RUE...(GNZ). Segue o texto em enexo:

-CHIEN DE RUE...diz: Bom dia, seu punk andaluz. Tá muito ocupado? Queria saber se poderia falar do movimento "curístico" ( referente a Curisco) para postagem no blog...
-Viva macunaíma, corisco e oxossi. diz: Movimento corisquiano. Ule. Uxalan maleco. Viva a libertação da imagem.
-CHIEN DE RUE... diz: O que vem a ser isto?
-Viva macunaíma, corisco e oxossi. diz: Vem a ser o espirito plural. Felicidades.
-CHIEN DE RUE... diz: Em outras palavras....(?)
-Viva macunaíma, corisco e oxossi. diz: Um doce na boca e a cabeça na lua. E você já virou um ícone belorizontino? Fala fio.. Feel good!
-CHIEN DE RUE... diz: Eu?? Não... Ícone de cu é rola. Mas voltando ao assunto, a que ponto chega o grau de pluralidade?
-Viva macunaíma, corisco e oxossi. diz: Não escolhemos, somos escolhidos. Pluralidade é a base de um pensamento polifonico. Recriação. Colagem. Sample. Are you come in the bus today? Cool. Uau! Let´s do it.
-CHIEN DE RUE... diz: Seria então a interação de todas as possíveis mídias para se passar uma mensagem? Se for relamente isso, qual seria essa mensagem?
-Viva macunaíma, corisco e oxossi. diz: A mensagem. Aí você falou. Idéias corisquianas de libertação do medo branco e da afirmação das possibilidades de construção dos nossos próprios conceitos e cotidianos. Vou fumar um tôco em sua homenagem. À fraternidade.
-CHIEN DE RUE... diz: Alterando o espaço/tempo a favor de uma anArquia construtiva? Essa, calcada nos princípios da liberdade e da ordem de consciência?
-Viva macunaíma, corisco e oxossi. diz: Issso! A anarquia é um pensamento muito forte.
-CHIEN DE RUE... diz: Concordo, porém tem que deixar de ser apenas um pensamento, e virar uma ação.
___________________________
Para maiores informações sobre o artista e sua obra:
http://representacorisco.com

TECLA SAP

Música: One Too Many Mornings
Artista: Bob Dylan

Down the street the dogs are barkin´
And the day is a-gettin´ dark
As the night comes in a-fallin´
The dogs´ll lose their bark
An´the silence night will shater
From the sounds inside my mind
For I´m one too many mornings
And a thousand miles behind

From the crossroads of my doorstep
My eyes they start to fade
As I turn my head back to the room
Where my love and I have laid
An´I gaze back to the srteet
The sidewalk and the sign
For I´m one too many mornings
And a thousand miles behind

It´s a restless hungry feeling
That don´t mean no one no good
When everything I´m a-sayin´
You can say it just as good
You´re right from your side
I´m right from mine
We´re both just too many mornings
An´a thousand miles behind
______________________

Descendo a rua, os cachorros latem
E o dia está escurecendo
Enquanto a noite cai
Os cães irão perder seus latidos
E a noite silenciosa irá estilhaçar
Graças aos sons dentro de minha mente
Pois estou com uma manhã em demasia
E mil milhas de atraso

Da encruzilhada da minha portaria
Meus olhos começam a desbotar
Enquanto viro minha cabeça de volta para o quarto
Onde meu amor e eu deitávamos
E reparo novamente a rua
A calçada e a placa
E estou com uma manhã em demasia
E mil milhas de atraso

É uma sensação impaciente e faminta
Que não é bom para ninguém
Quando tudo que eu digo
Você pode dizê-lo igualmente tão bem
Você está correto pelo seu lado
Eu estou certo do meu
Estamos ambos com uma manhã em demasia
E mil milhas de atraso
______________________
* One Too Many Mornings é uma expressão que na língua portuguesa seria equivalente a "uma noite mal dormida"

TODO!

Todo pau
Nasce Sharpei

PRATO DO DIA ANTERIOR

-Carne de Quetzal Agridoce ou "Pájaro que se Quema la Lengüeta"
-Origem: Guatemala
_________________
Ingredientes:
-01 colher de sopa de açúcar mascavo
-01 xícara de amêndoa moída
-06 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem
-1/2 xícara de azeitonas pretas
-02 bananas nanicas
-01 cebola
-01 colher de sopa de cidra cristalizada
-02 cravos da Índia
-04 pimentas malaguetas
-01 xícara de uva passas
-01 pau de canela
-03 colheres de molho de pimenta extra forte
-500g de carne de quetzal picada em cubos
-01 colher de chá
-08 tomates
-02 colheres de sal refinado
-300g de peito de pombo desfiado
-01 abacaxi sem casca
__________________
Modo de preparo:
Aqueça o azeite e frite a carne de quetzal junto com o peito de pombo, temperando com sal e pimenta. Junte a cebola picada grosseiramente, os tomates pelados e sem sementes passados pelo passe-vite e a malagueta em conserva. Diminua o lume e deixe cozinhar. Acrescente água a ferver em quantidade suficiente para cozer durante o tempo que for necessário para deixar a carne tenra. Aproximadamente 4 horas e meia. Acrescente as passas, as amêndoas picadas, a cidra picada, as azeitonas picadas e sem caroço, o abacaxi e as bananas cortadas em rodelas. Tempere com cravinho, a canela e o açúcar e deixe ao lume até que o molho esteja bem uniforme e as carnes macias. Retire o pau de canela e sirva ainda bem quente.
___________________
O prato rende 04 porções. Bom Apetite.

sábado, 23 de dezembro de 2006

ENTRE VISTAS

Ébria entevista cedida pelo grafiteiro e mc DMS. Segue o breve texto em anexo:
-GNZ: É fato que com o uso do grafite, suas imagens vêm sendo propagadas pelos muros, não só da capital mineira, como também vendo sendo papel de parede para todo o cenário urbano de várias outras capitais. Como enxerga o espaço supostamente cedido pela sociedade à seus proprietérios, uma vez que esse espaço se diz público? Digo, como é a distribuição por parte de seus usufruidores na questão de ocupar um espaço até então tido como sem dono?
-DMS: Bem, caro colega G.n.z, como você mesmo disse,venho propagando imagens pelos muros de Belo Horizonte e de algumas capitais brasileiras, porém não digo que chegue a ser um papel de parede. Supostamente dizendo, que de acordo com as leis e "pericalcias" exigidas pela humanidade quanto a valor de espaço fisico, é algo sempre em estado de polêmica. Os outros artistas que se espalham pelas grandes cidades desvendam um mundo novo em relação a urbanidade, desfrutam de periculosidades. Coisas subversivas povoam a mente dos escritores urbanos. Já eu, busco algo mais. Algo talvez inimaginável diante meu ser magro e esguio. Porém sem querer , junto com outros, guio tendências, situações, correções de algo que não se explica. Cada um corre atrás do seu espaço e por favor, não implique-me!
-GNZ: Não impilca em quê? Ou com quê? Não achei sua resposta coerente com a pergunta...
-DMS: Bem devida a grande tarde que se teve neste plano astral, digo-lhe, diretamente dizendo, que os espaços são divididos da seguinte forma: Quem chegou.. Pegou!
-GNZ: Mas e quem chega, detém o mesmo poder de usfruir do espaço? Digo, quem está em processo de aprendizagem, pode gozar de mesmo espaço ofertado, uma vez que todo perímetro está relacinonado a questão de que esse seja público? Até onde vai essa liberdade?
-DMS: Não existe verdade absoluta, comigo levo meus conceitos, acho que tem que ter discernimento. Há anos você tenta, até conseguir seu espaço, preservá-lo é essencial. Não deixando de contribuir para novos talentos que aparecem com os dias. Independente da propia influência que fazemos sofrer os transeuntes!
-GNZ: Então como conseguir esse espaço?
-DMS: Como dizia Pablo Picasso , 90% de transpiração e 10% de inspiração!

COMO FALA

Só aprendi a falar
Depois que comecei a ouvir

INDO: OBITUÁRIO

-ANDRÉ COSTA DE MOURA: 33 anos, natural de Santos, foi sepultado pela manhã no Cemitério da Boa Esperança.
-MAXIMIANO FERREIRA DE MAGALHÃES: 67 anos, natural de Pirapora, sepultado pela manhã no Cemitério do Bonfim.
-JACYARA BENTO ALBINO DE POUT POURRI: 29 anos, natural de Belo Horizonta, sepultada pntem a tarde no cemitério Parque da Colina.
-VICENTE DORES ARMADO: 45 anos, natural de Contagem, sepultado hoje pela manhã no cemitério do Bonfim.
-TURMALINO DE AZEVEDO MORAIS: 78 anos, natural de Araxá, foi sepultado ontem na parte da tarde no Cemitério do Bonfim.
-ANETÉIA SURRUPIAL DE OLIVEIRA: 41 anos, natural de Bom Despacho, foi sepultada ontem no Cemitério da Boa Esperança.
-JUAREZ LANDER DE MOACIR: 67 anos, natural de Betim, sepultado hoje pela manhã no Cemitério da Paz.
-VIDIGAL CARVALHO LOPES DE FARIA NETO: 5 anos, natural de Belo Horizonte, sepultado ontem a tarde no cemitério Parque da Colina.
-PEDRO AUGUSTO CASANOVA: 23 anos, natural de Nova Lima, sepultado hoje pela manhã no Cemitério do Bonfim.
-AILTON MATIAS GOES: 44 anos, natural de Belo Horizonte, sepultado ontem a tarde no cemitério da Boa Viagem.
-RÚBIA DE MORENO RÊGO: 28 anos, natural de Curralinho, sepultada ontem no Cemitério da Paz.
-EVARISTO ABEL GUEDES DE MIRANDA FILHO: 82 anos, natural dde Sabará, sepultado ontem pela manhã no cemitério Parque da Colina.
-NATI MORTO de BRUNA DA SILVA SANTOS: 00 anos, natural de Belo Horizonte, sepultada hoje pela manhã no cemtério Parque da Colina.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

TIRO A GOSTO

Pimenta
No refresco dos outros
São olhos
Imaginando vingança

O NÚMERO NOVE

Muito se leva a sério, por todo o mundo, místicas questões. Delicadas por natureza, e distantes o suficiente de um reconhecimento racional, trazem a tona o simulacro de suas futuras posições. Quer seja em doutrinas dogmáticas, quer seja em assimilações de diversos cunhos, tornando-nos escravos de regras que não admitem excessões. Um exemplo, ainda que munido de pouquíssima informação, é a numerologia influente, levada a seus limites práticos pelo povo chinês. Esta, revela que tipo de pessoa você é, aponta sua missão na vida atual e apresenta sugestões para que você viva melhor e atinja mais rapidamente seus objetivos. Desde a antigüidade, os números têm sido considerados como algo misterioso não só para o povo da China. Seguiam os dois princípios que regiam o universo, o Yin e o Yang, para classificar todo o existente, incluídos os números. É celebrada no dia 9 de setembro no calendário lunar a festa Dobre Nove. Como o nove é um número Yang, o 9 de setembro se sobrepõe dois Yang, o dia e o mês, daí que a festa se denomine também Dobre Yang. Esta festa se remonta à dinastia Han do Leste (25-220), época em que Huan Jing estudava o taoismo com Fei Changfang, um sacerdote taoista. Um dia o mestre predisse a seu discípulo que dia 9 de setembro ia produzir-se uma catástrofe. A única maneira de evitá-la seria levar às costas uma bolsa com artemísia e refugiar-se num lugar elevado. Costume este que se mantêm atual. Tendo o número como de importância fundamental na vida do povo chinês, este é valorizado até mesmo na hora de escolher a data de algum evento solene, o endereço de suas residências, placas de carro e até mesmo o número do seus telefones. Mês passado um amigo retorna do longínquo país, trazendo consigo um caso no qual atrevo-me a contar. Segundo o próprio, assim que chegou ao país, saiu em busca de um aparelho de telefone celular para compra. E em todos os lugares em que fez a pesquisa de preços, constatou uma curiosidade latente. Quanto maior o número de noves na linha, maior seria o preço do produto. Tudo bem, para nós não faz muito sentido. Mas imagina o quão importante aquilo é para o chinês, chegando ao ponto de subir o preço de algum produto pelo simples fato deste possuir um suposto poder numerológico, à nós questionável. Sabemos que nada parece interferir tal presença numérica em nossa cultura. Os clientes da Telemig Celular que os digam.

DADÁ UMA PALINHA, VAI....

"Ganho dinheiro com música. Não gasto dinheiro com música."
"Melhor do que ele? Lógico! Continuo vivo e compondo..."
"Se fosse pra eu ver o meu pau, ele teria nascido em outro lugar..."
"O dinheiro que eu já gastei com táxi, daria pra comprar uma frota de Merecedez Bens..."
"Tim era uma farsa ébria e sem classe... Falava grosso. Mas chorava fino."
"Não vejo nenhuma ameaça ao trono. Nenhuma."
"Quem? Roberto Carlos? Não, não conheço..."
"O Conexão pra mim é motivo de vergonha. Começando pela capa."
"Gordo nenhum mete bem. Porque não mete."
"Não faço música pra brasileiro. E pronto. Se eles fingem gostar, isso é uma outra questão..."
_____________________________________
(E.Motta -2006- São Paulo, SP)

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

O COITO

Embaixo de negro lençol
A lua se deita com o sol

EX PORTE

A ginasta Maria das Dores Cansado, de 13 anos, anunciou ontem à imprensa gaúcha que deixará o esporte. A precoce aposentadoria da atleta desperta a curiosidade por parte de toda uma nação torcedora. A ginasta fazia parte da seleção brasileira e representou o Brasil no Mundial da Polônia, em maio dessse mesmo ano, quando a equipe conquistou o histórico sétimo lugar. Maria, que se dedica ao esporte desde os 4 anos de idade, obteve no úlimo Pan-Americano, em Santo Domingo-03, a medalha de bronze por equipes, foi 6ª colocada no individual geral e 4ª no solo. Segundo sua acesoria, Maria vinha se queixando das dores espalhadas por todo o corpo além de sentir uma enorme fadiga muscular. Estava literalmente cansada e cheia das dores. Pobre maria. No entanto, a ginasta não deve se desligar de completo da seleção brasileira. Participará da parte administrativa, além de organização de eventos da Confederação Brasileira de Ginástica.

HORÓSCOPO

CAPRICÓRNIO

Onde já se viu uma cabra com cauda de peixe? Pois é. Trata-se de uma das mais interessantes aberrações que já habitou a superfície do planeta. O capricorniano desde novo é acostumado pela família a adaptar-se ao meio do qual faz parte. Sua anatomia não nos parece muito funcional, apesar de que devem haver suas vantagens. Sabemos porém, que a locomoção não é o seu forte. Possui um semblante discreto, frio e silencioso. O amadurecimento de suas atitudes se dá ainda precoce. Talvez pelo fato de poucos amigos, uma vez sendo motivo de chacotas por sua anomalia. O capricorniano é bastante conservador, podendo passar a vida inteira sem aparar o seu longo e albino cavanhaque. Melancólicos. Isso se dá pela má aceitação de seu corpo por parte dos demais integrantes da sociedade. Mal sabem eles que a cabra é o animal que sobe a montanha até o cume, ainda que precise desferir algumas cabeçadas no que estiver bloqueando o seu caminho. A cauda de peixe indica a origem marinha. Sobe, pois, do nível do mar até o topo do mundo, pelos próprios esforços. Este é o mês do capricorniano. Um ótimo mês por sinal. Por ser de origem marítima e deter um apreço incomum por quaisquer qualidades comerciais, o capricorniano tem no verão a oportuniade de alugar seus imóveis para longa e curta temporada, além de se prontificar como guia submarino. Só não pode virar isca. Outra importante qualidade a ser destacada, é que o capricorniano pode direcionar seus conhecimentos montanhistas para a prática de eco-turismo e esportes de aventura. Os menos qualificados aparam as gramas, fazendo-os de pasto para seu desjejum. As fêmeas aproveitam o marasmo da estação para a fabricação caseira do famoso queijo de cabra. O único problema é que devidas as circunstâncias, o queijo vem de fábrica com um leve tempero de peixe. Porém hoje em dia se tem mercado pra tudo. Desejo sorte a todos do signo e tomem cuidado com o câncer de pele nesse verão.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

O DIA EM QUE PLÍNIO MATOU O NATAL

Há pouco mais de um mês completara a maioridade, ganhando do pai um rifle automático de elevado calibre. Tornara-se homem. De poucos amigos. O fato de ser único filho, e viver isolado em meio à um oceano de neve, o fez solitário. Porém, naquela mesma data, dezenas de pessoas o faria companhia. Calçou suas botas e atravessou a porta de casa, calado. Com rilfe pesando-lhe as costas. Caminhou duro até o centro comercial da cidade. Trêmulo ao adentrar-se. Foi quando seus olhos cruzaram as enbaçadas lentes do bom velho Noel. "Levanta pra morrer velho safado"- grita o precoce soldado do ódio. Nisso, os seguranças do shopping já o tinha em mira. "Anda, levanta!" - insiste o garoto armado, que impaciente, dispara contra o gorro vermelho do velho.

DIÁLOGO DE SÁBADO A TARDE

Trecho extraído de uma breve conversa virtual entre bequick!(Biscoito) e CHIEN DE RUE...(GNZ). Segue a conversa:

-CHIEN DE RUE... diz: O texto não tem norte, nem sul, tem meio.
-bequick! diz: Doido essa tua reflexão... Porque enquadra numas reflexões minhas de que a vida não precisa necessariamente se prender aos principios (ambiguamente,tanto das raizes quanto dos principios morais), nem fins (ambiguamente nem términos nem finalidades premeditadas.)Todo o ponto de partida para mim ,assim como toda finalidade tem que estar desperta no meio. Para que o caminho possa ser o mais infinito o possível para que você totalize sua expressão dê voz a ela.
-CHIEN DE RUE... diz: Para que ela não se limite a abrir ou encerrar questões, e sim trabalha-las.
-bequick! diz: Yep!
-CHIEN DE RUE... diz: O meio, inutiliza o fim, assim como desvalida o começo
-bequick! diz: Aí que entra a viagem do transcriar, que tem a ver com o nada se perde nada se cria. Transcriar com novas lógicas de transformaçao e de trabalho no meio. Transcrrever realidades, atos, pensamentos.
-CHIEN DE RUE... diz: Trabalhar à trapalhar. ATRAPALHAR!
-bequick! diz: Afetar. Afeto.
-CHIEN DE RUE... diz: A fé! Tá! Afta! Kafka.
-bequick! diz: Afetar afeto, parir um feto. Nascer barata
-CHIEN DE RUE... diz: Ausentar do teto, partir de fato. Morrer barato....

GORDINHA

Beleza à mesa
Obesa à sofá

Porém
Chama acesa
Tão bem como está

Maciça leveza
Pouso sabiá

Tão bela, indefesa
Virgem Paquetá

DICAS DO VELHO SOFÁ

O Filme: Meu Tio (Mon Oncle) - 1958
Direção: Jacques Tati
Duração: 116 min.
Com: Jacques Tati, Jean Pierre Zola, Adrienne Servantie e Lucien Fregis

Tati estabelece em Meu Tio uma crítica direta ao culto à modernidade tecnológica, já vigente na década que procede a Primeira Guerra. O título faz referência ao único membro da família que não se encaixa nessa mentalidade corrente, personagem interpretado pelo próprio diretor. Este por não se enquadrar no sistema social que englobara não somente toda a família, acaba por cativar o sobrinho. Uma crise de ciúmes é instaurada nod cômodos da imodesta moradia. A personagem vivida por Tati faz o contraponto de tal ambiente. Tio Hulot, assim como é chamado, vive numa confusa periferia em que a ordem é estabelecida pelos próprios moradores. Quando em visita à casa da irmã, atravessa as ruínas de um muro que representa a ruptura da cidade tradicional com a cidade moderna. De um lado a praticidade monótona que ambientaliza a hierarquia familiar dentro de uma modernidade impessoal. Do outro, a simplicidade mecânica, geradora de motivações e digna de coerência social. Uma barreira que não apenas segrega o novo do convencional, porém heterogniza seus valores intrínsecos quando coloca em questão a padronização do juízo estético emergente na Europa da década de 50. O filme extrapola a simples documentação do contraste entre a modernidade e a era recém ultrapassada. A obra satiriza a interferência provocada pelas inovações tecnológicas no ambiente doméstico/familiar, alterando a convivência entre os habitantes da casa. Esta que apresenta um conceito rebuscado em termos de design, praticidade funcional e suposto conforto oferecidos aos moradores. Seria como se a própria estrutura ditasse as regras, expondo toda uma invariável metodologia à ser seguida pela castrada família. Nada discreta, a modernidade além de chamar a atenção pelo petulante design e pela funcionalidade questionável de suas adaptações, carrega uma algazarra tecnológica insuportável a qualquer que se faça presente. Pelo elevado teor de ironia, pela crítica direta à modernidade, pela irreverência de seus personegns, Meu Tio é um dos poucos filmes que conseguem se manter atuais mesmo após completar 45 anos. E assim continuará por muito tempo. Vale ressaltar o talento do diretor na interpretação da personagem principal. Na época do seu lançamento, Meu Tio teve pouco público na França: oito milhões de espectadores. Depois que foi distribuído fora do país, além de cultuado pela crítica, se transformou no filme mais conhecido de Jacques Tati. O filme venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes, em 1958.

NA MESA DO PATRÃO

Surdo, notei que o velho martelo explodia ao pálido chão de azulejo. Deslizara por toda minha úmida palma até que, seco, trouxera o trovão para dentro da sala. Teria eu poucos minutos até que as sirenes gritassem meu nome. As poças de rubro tom ardiam próximas ao corpo, que ainda insistia tremor. Teria eu pouco tempo. O silêncio de meu algodão absorvera todo o medo contido nos golpes que não me levaram à lona. Pudera. Seria o mesmo algodão que trouxera respeito e dignidade àquele maldito escritório. Tranquei minha culpa em nó de gravata. E ainda coberto por meus afazeres, sentei-me à mesa do chefe ausente, tragando o último sopro de vida, agora com mais liberdade.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

AONDE LEVAM MINHAS SOLAS

-O TRISTE DESTINO DE DRIMÔNIA-
Local: Drimônia
Localidade: Europa Meridional

Trata-se de uma região de misterioso endereço. Sua posição geográfica é incerta, tornando quase impossível o acesso ao ponto. Supõe-se que esta se extenda pelos domínios sulistas da região dos Bálcãs. Para visitá-la tive que iniciar uma profunda pesquisa, que mesmo após longos anos de estudos, não pude extrair tal meridional com exímia precisão. Seria preciso encarar a viagem. Munido de um decrépito mapa, uma bússula arcaica e um canivete do tempo de meu avô, resolvi desbravar a mística região. Ao aterrissar em solo búlgaro percebi que seria necessário migrar para o sul. Com pouco dinheiro e não dominando o idioma, comprei por uma pechincha a mais esdrúxula bicicleta do mercado europeu. Veículo que se fazia lembrar o primeiro modelo inventado por Karl Friedrich Ludwing Chiristian Sauerbronn, sendo fabricado por vigas de madeira. Foram-se alguns anos de pedaladas até adentrar-me no terrritório da Macedônia. Um pouco mais adaptado ao clima e aos costumes da região dos Bálcãs, não foi difícil fazer contato. Encontrei por acaso, nas escadarias da mais antiga igreja de Skopje, o signor Olindo Lindi (autor do Guia do Viajante em Drimônia). Olindo era de muita idade. Cento e nove anos muito bem vividos, reza a leda. As poucas palavras que ainda saltavam de sua enferma traqueia eram construidas à base do antigo dialeto de Drimônia. Seria este, o último habitante ainda vivo, porém exilado de sua própria natalidade. Olindo rezava em silêncio nas escadarias, sem ao menos cruzar os portais da antiga igreja. Sabia eu que estava bem perto do destino aguardado. Resolvi mais alguns quilômetros no pedal. Passadas algumas semanas. Exausto, perdido no meio da selva, parei para morrer. Foi quando lembrei-me do que falava o velho Olindo, ao balbuciar-me um mantra. "Trunca". Dei-me por repetir com fervor tais palavras até o desmaio. Acordei dias depois em um leito hospitalar. E ao perguntar à enfermeira o que havia acontecido, esta me explica que fui encontrado moribundo, abraçado à estátua do poderoso Oskutchawa, pelo exército missionário da região. E que ao meu lado, a palavra "trunca" estava arranhada no solo, aos pés da estátua. E parte para a péssima notícia. Drimônia fora destruída pelo clero macedônio há quase um século atrás, e que seria impossível qualquer vestígio cultural senão a estátua do deus adorado. Pelo menos isso, havia eu encontrado. Inconformado, retornei à Skopje. No local aonde teria encontrado o velho Olindo, nas escadarias da igreja, restara apenas seu livro. O Guia do Viajante em Drimônia, aberto na página cento e nove. Onde esta dizia em mantra: "Trunca...Trunca...Trunca...". Cuja tradução literal é: "Se esta for a vontade do grande e poderoso Oskutchawa, que seja esta a minha também." E nada do velho. E nada de Drimônia.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

EU AMO BH DE PAU DURO


O projeto “Eu Amo BH de Pau Duro” foi criado para aumentar a auto-estima e o amor do belo-horizontino por sua cidade. No sentido mais explícito da palavra. Basta de um cidadão brocha e de bolas murchas! O projeto tem a pretensão de mostrar à comunidade de Belo Horizonte e aos seus visitantes toda sua beleza e sensualidade com fim de enrijecer aquele que desfruta de teus seios não tão fartos e de sua cintura redonda que se aperta na Avenida do Contorno. A campanha estará divulgando ângulos picantes, imagens deliciosas e conceitos de caráter adulto, mostrando como ela merece e precisa do amor de seus habitantes. Muitos de seus parceiros de foda a tem com uma cidade insaciável porém encalhada. É preciso reverter a situação. Trata-se de uma cidade jovial, na flor da idade. Recém desflorada e ainda em processo de crescimento. Uma cidade adolescente, porém famigerada. Como não amar esta cidade? E de pau duro? Só mostrando a nossa BH como ela é, por dentro e por fora, para que possamos usufruir de sua geografia, passando este sentimento também para nossos visitantes. Pretende-se aumentar o fluxo intenso do gozo por parte de ambas as partes. Uma de nossas grandes potencialidades está exatamente na qualidade e na diversidade da nossa rede de hotéis, motéis, cafofos e sets de filmes pornográficos, favorecidos também pelo nível de segurança e infra-estrutura de atendimento e serviços da cidade, além de total discrição. Com o apoio da comunidade, iremos aumentar cada vez mais estes valores, disseminando o tesão reprimido de nossos habitantes eunucos. A proposta é fruto de uma masturbação intensa que vem desde a abertura da cidade sendo preservada, causando o aumento do nível de ejaculação precoce de nossos cidadãos. E ela vai dar certo porque não tem dono. É de todos nós. Após a implantação da campanha, temos pesquisas na Belotur indicando que 98% das pessoas que provam dos serviços oferecidos pela serelepe cidade, querem repetir a experiência. Isso é sinal de que ela nos encanta, nos seduz e nos faz prisioneiros eternos de sua carne fresca e caliente, esta que abraçamos com unhas e dentes por todas as noites. Sem mesmo nos dar conta de ser este o motivo por repentinas ereções matinais. Eu amo BH de pau duro, e você???

COLCHETES


Ando fechando muitos colchetes]

DIÁLOGO DE SÁBADO A TARDE

Diálogo extraído de uma virtual conversa entre Loise (luiz) e CHIEN DE RUE...(GNZ). O texto retrata os planos de um ano que se finda e outro que está por vir... Segue o diálogo:

-luiz diz: Cês furaram o olho do Mods sábado, hein? Ele pagou dez conto prá mim, mas eu não bebi dez real.
-CHIEN DE RUE... diz: Velho, ele que deu dez, eu não pedi, perguntei quem não tinha pagado. Ele disse, o Loise, o Danyboy, mas deixo o dinheiro deles. A conta, mano, deu mais de 200 conto. No final, tinha sobrando um tantão, pra mim, pra Preta e pro Barba.
-luiz diz: Vixi! Eu sabia que ia o final iria ser trágico. A galera dominou aqule cômodo do bar, tava tipo o quintal da casa da tia.
-CHIEN DE RUE... diz: Pois é, assim que é do caralho, diz aí?
-luiz diz: É ué, tavamos em casa.
-CHIEN DE RUE... diz: Foda que se vão várias patacas de nossos furos... Os bolsos vazios.
-luiz diz: Verdade... E o reveillon, vamo agilizar um rock??????
-CHIEN DE RUE... diz: Um rock, um folk, um rap, um jazz e quem sabe até um punk, mas nunca, nunca, meu caro, ainda mais no reveillon, agilizaremos um pop....
-luiz diz: Nem um pagode e nem um funk e nem um axé, mas um blues também rola.
-CHIEN DE RUE... diz: Pondero! Axé no sentido real da palavra nunca pode faltar. Um partido alto, como o pagode é sempre bem-vindo. E o funk??? O que tem contra o batidão????? Blues em inglês é depressão. Não quero isso pro ano que estar por vir.
-luiz diz:hehehehehehehe... Axé music foi o que quis dizer. pagode tem que ser muito seleto, toda via sempre rola um samba. E nada tenho contra o batidão, mas sim contra a pobre letra que quase sempre o acompanha. As vezes é engraçado, mas temos opções melhores. E quanto ao blues, tudo bem, dessa vez passa.
-CHIEN DE RUE... diz: Passa por entre as gretas de minha tardia audição.
-luiz diz: Isso aí.

DE MEU INTERESSE

Só me interesso
Por interessantes

COMUM NÓ

O ferro e a farra
O berro e a barra
O merro e a marra
Natureza de pares
Apesar dos pesares
Que não me amarra

CHICLETE

Na sola
Chicle de bola

SONHO DE HOJE

Era dia. Impossível dizer o horário. Sobrevoávamos um largo rio de água límpida, até então. Eu e minha companheira Camila, apesar de que a voz do piloto era constante mesmo este não fisicamente presente. A aeronave era de certa forma muito incomum. Um colchonete. Estávamos deitados de bruços e um edredom cobría-nos até a metade das costas. Foi quando, por falha do navegador, não conseguimos alcançar a enorme estrutura de três pontes que se erguiam à nossa frente. Destino desejado, porém não me pergunte o motivo. Pousamos, ainda que leves, no leito do rio agora estreito e de água bem turva. Manobras eram feitas, em torno de nosso próprio eixo, na finalidade de suposta decolagem. Infeliz tentativa. Remamos à margem do rio que se transformara de súbito, em um estático lago marrom. Abandonamos o colchonete e seguimos à borda do lago. Nisso, eis que surge do nada um estranho. Este, tomado por uma fúria quase que controlada, parte pra cima de minha esposa, ainda dentro da água. Assustada me pede socorro. Mesmo com medo, uma vez que o agresor era o dobro de meu tamanho e tinha eu a consciêcia de quem meus ombros à qualquer movimento poderiam se deslocar, encarei. Tentei um golpe porém não o acertei. Chegando um poco mais perto da margem, consegui tomar o agressor em meus braços, o imobilizando pelo pescoço. Foi quando pedi auxílio à Camila, na intenção de que esta poderia golpeá-lo. Ela correu em nossa direção, descalçou suas botas e com as mesmas, disparou fortes golpes na cabeça do nosso inimigo. Foi quando o sol invade meu quarto e os pássaros começam a cantar sob minha janela.

JUST BEAT IT

O movimento literário a partir dos anos 50, ganha som, fúria e movimento nas mãos ligeiras de jovens escritores norte-americanos que optaram por encarar o conservadorismo moral vigente na sua sociedade e instaurar um novo olhar em relação ao mundo. A geração "beat"protagonizou uma reformulação em termos de comportamento, desenvolveu a expansão da consciência e ganhou a admiração de jovens insatisfeitos da classe média. A tendência extrapolou o campo literário, extendendo-se por demais manifestações. A década seguinte foi evidentemente marcada pela presença da filosofia "beatnik", seja em seu discurso liberal em relação à sexualidade, na fervorosa experiência com alucinógenos na intenção de expandir os sentidos, nos manifestos antimiltares ou mesmo na consolidação dos ideais e da atitude hippie que ganhava peso dentro do cenário de contra-cultura. No campo literário podemos entender as obras "On The Road" de Jack Kerouac e "Naked Lunch" de William Burroughs, como pilares para a sustentação de todo um argumento calcado na tal ideologia. De um vigor narrativo intenso e de um desordenado teor de pensamentos fragmentados, as obras apresentam uma linguagem urbana nada dissimilada. Interessante frisar que seus pensadores faziam questão de levar uma vida condizente com o ritmo de seus relatos. A criação é espontânea. Onírica. Seguida de um ritmo mental fluente. É de extremo teor libertário. Liberta de padrões ou estéticas. É suburbana. Poética. Existencialista. Caótica. "Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, (...)" -trecho de abertura do poema de Allen Ginsberg "O Uivo". Esta idéia de desmantelamento destinado, primeiro dos indivíduos e depois das relações interpessoais, é muito bem expressa nas palavras do crítico americano Eric Homberger: “A literatura dos Beats é sobre o laço de amizade entre homens, sobre a afetuosidade entre eles, sobre a tristeza da descoberta de que o amor e a paixão fenecem. Todo o resto – o zelo pela religião oriental, o flerte com o Existencialismo, a fascinação pelos sonhos, o radicalismo político, a paixão pelas drogas, a liberdade sexual – era meramente decoração de uma complexa rede de relacionamentos pessoais". Entre os principais expoentes da Geração Beat estão Jack Kerouac, William Burroughs, Allen Ginsberg, Gregory Corso e Gary Snyder. Recomendo, dentre o que há disponível em português, a edição definitiva de "Nacked Lunch" de Burroughs, na tradução de Daniel Pellizzari, publicado pela Ediouro Publicações.

domingo, 17 de dezembro de 2006

QUARTO E SALA

Dois passos e porta
Três, não importa

EX CADA

Seria aquela a última vez em que subiria de escadas. Convenhamos. Um senhor daquela idade. Um dos primeiros moradores do edifício, este pioneiro na implantação de elevadores residenciais na cidade do Rio de Janeiro. Na época, um marco. Nunca havia se importado por morar tão alto. Até uns anos atrás, quando o elevador começou a apresentar tais defeitos. Devidos ao tempo de uso, é claro. Lembro-me até que convocaram uma assembléia do condomínio para discutirem a questão. Já havia no mercado modelos de elevadores muito mais avançados. Mas não. Estava ele ali. A subir centenas de degraus. Um dos primeiros moradores do edifício. Um senhor daquela idade. Convenhamos. Seria aquela a última vez em que subiria de escadas. E foi. Morreu de infarto, aos setenta e quatro anos, mesmo antes de chegar a seu apartamento.

sábado, 16 de dezembro de 2006

DURALEX SED LEX

- Na cidade de Frunkfurt, na Alemanha, é proibido portar nozes dentro dos bolsos do paletó.
- Em Afonso Cunha, cidade do estado maranhense, é proibido soltar gazes nas filas de correios, bancos e casas lotéricas.
- Na cidade francesa de Nantes, é proibido dar descarga em seus sanitários após as 22h.
- Em Bruges, Bélgica, qualquer forma de manifestação pública de arte em meio ao perímetro urbano é tida como ilegal.
- Na cidade de Victoria, o Canada, é expressamente proibido o uso de roupas de lã no verão.
- Em Atenas, na Grécia, o estado proíbe a execussão do hino nacional salvo em solenes ocasiões.
- Na cidade de Almirante Tamandaré, no Paraná, é proibido coçar suas genitálias em público.
- Em Lakes Entrance, na Austrália, é proibido passear com cachorros usando fones de ouvido.
- Em Sidney, também na Austrália, é proibido enganar um coala.
- Na Carolina do Norte, estado norte-americano, é proibida qualquer reunião onde os membros estejam fazendo o uso de máscaras com a finalidade de omitir sua identidade.
- Em Nagoya, no Japão, é proibido comer peixe que não tenha sido pescado pelo próprio glutão.