terça-feira, 29 de janeiro de 2008

SONHO DE HOJE

Era ele. Assente ao meu lado no velho sofá. Aparentava alguns quilos a mais, esbanjando saúde. O raro cabelo azeviche em outrora reluzia um pálido brilho de neve, o que afastava-me por mais à lembrança, ainda que imune a contradição. Era ele, meu avô. Restrito apenas à minha visão. Impossível seria qualquer discrição por palavras de tal acalento presente. Arriscaria "amor", entre os demais signos, de semelhante natureza. Tamanha fora o sobressalto, que não tardei a pergunta. "Vô, tens idéia de que éres espírito??" Bonançoso tal sempre fora, respondeu-me de imediato. "Sim, filho. Estou ciente do caso.Porém minha natureza é de olhos, boca e nariz..."

2 comentários:

enten katsudatsu disse...

Bela homenagem. Bem escrito.

Abraço.

Cássio Amaral.

canhoto disse...

eu nunca conheci um vô lúcido. deve ser por isso que eu sou um pouco vô.