domingo, 3 de dezembro de 2006

TRILHA DA MADRUGADA


Álbum: Maria Fumaça
Arista: Banda Black Rio

A banda:

-Oberdan Magalhães (sax soprano, sax alto, sax tenor)
-Lucio da Silva (trombone)
-J. Carlos Barroso (trumpete)
-Jamil Joanes (baixo)
-Claudio Stevenson (guitarra)
-Cristovão Bastos ( teclados)
-Luiz Carlos Santos (bateria e percussão)
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Como primeiro álbum a ser laçado pela banda carioca, Maria Fumaça teria como obrigação ser o cartão de visitas do grupo de jovens músicos predestinados a propagação da identidade black brasileira. O grupo fundamentou os princípios sonoros do samba-funk, materializando a essência negra universal em nosso quintal brasileiro. Lançado em 1977, um ano após a formação do conjuto, Maria Fumaça revolucionou o mercado fonográfico por seu conteúdo audacioso, pela sintonia direta entre o groove da black music nacional e o fraseado maldoso do jazz norte -americano, sem deixar de esbanjar brasilidade. O disco de 10 músicas, apresenta 4 versões regravadas pelo grupo além da faixa que assina o título (que viria aser um de seus primeiros clássicos. Entre as curiosas versões regravadas no álbum estão as faixas Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) e Urubu Malandro (Louro e João de Barro) que merecem destaque. Maria Fumaça é um disco intenso, bastante energético e de uma virtuosidade sutil ainda que impetuosa.

01- Maria Fumaça
02- Na Baixa Do Sapateiro
03- Mr Funky Samba
04- Caminho Da Roça
05- Metalúrgica06- Baião
07- Casa Forte
08- Leblon Via Vaz Lobo
09- Urubu Malandro
10- Junia

Com a morte de um dos dos principais fundadores, Oberdan Magalhães, em 1980, a banda se dissolve, encerrando a carreira promissora do movimento. Em 1999 William, filho de Oberdan, recriou a Banda Black Rio, com razoável aceitação da crítica, na intenção de dar continuidade ao trabalho do pai. Hoje, quase trinta anos após o lançamento do álbum Maria Fumaça, ainda podemos ouvir suas composições como atuais obras no cenário musical. Ainda temos também a oportunidade de assistir os espetáculos da banda agora representada pelo filho de Oberdan.

Um enorme salve à toda a geração black tupiniquim, desde o seu potente surgimento à evolução gradativa de seus procederes. AXÉ!!!

sábado, 2 de dezembro de 2006

AONDE LEVAM MINHAS SOLAS


Local: Minuni.
Localidade: Região da Floresta dos Grandes Espinhos, África.

Habitada por um miúdo povo conhecido pelo nome de Homens-Formigas. A floresta é uma inexpugnável selva cobrindo um vasto território. Lar de animais de pequeno porte, devida às suas propriedades. Outro povo além dos Homens-Formigas habita a região. São os membros da tribo Alali (gigantescas mulheres que ocasionalmente confrotam com seus conterrâneos). Duas cidades formam a região de Minuni. Veltopismakus e Trohanadalmakus (geralmente em constante estado de guerra). A arquitetura é desproporcional ao tamanho dos Homens-Formigas, fazendo dos tetos, cúpulas esculpidas com bastante zelo. Um belíssimo exemplo dessa arquitetura é o Palácio de Adendrohakis, com 36 andares se tronando um autêntico formigueiro para tais pigmeus. Os habitantes da região de Minuni mais comuns cavalgam miniaturas de antílopes reais, semelhantes às espécies que habitam a costa ocidental do continente africano. Não é aconselhável ao turista tal montaria, salvo a altura do folião não ultrapassar a margem de trinta centímetros. Tendo como fonte o livro de Edgar Rice Burroughs, Tarzan and the Ant Men (NY,1924) descrevo meu próximo destino. Dica aceita. As passagens de navio já estavam reservadas meses antes da data escolhida para o embarque. Escolhi o navio como meio de transportar-me ao continente vizinho por ainda não sentir-me confortável com a situação atual das companhias aéreas no Brasil, mas isso é assunto para outro post. O passaporte era quente e o visto atendia todas as suas burocráticas qualidades perante o governo de ambos países. Previamente assistido por guias turísticos da região finalmente chego a Minuni. Oitenta e dois anos depois de Rice Burroughs. O hambiente, o cenário, eram de tamanha semelhança fotogáfica aos relatos do meu antecessor. Porém, Minuni agora sucumbia às trevas. O crack havia tomado conta da aldeia dos Homens-Formigas, o que rapidamente ocasionou em uma duradoura gurra civil. A arquitetura ainda se matinha magistral, porém abrigava o lixo da sociedade africana. A AIDS dizimava lentamente os poucos remanescentes. As gigantescas mulheres de Alali se transformaram em prostitutas. E as duas cidades agora deram origem à uma só favela. Porém, fruto de uma época de glória em que o turismo mantinha elevado o giro monetário dentro da região, Minuni conta com três McDonald´s (sendo que somente um continua funcionando e somete se vende a casquinha de sorvete) um estádio de futebol em eternas dívidas, geralmente alugado para eventos de solidariedade (assim como o clipe de Michael Jackson gravado em Ruanda) e uma quase falída indústria ferros de passar roupas (a renomada empresa Blacken Pass). A hospedagem é barata. Não muito higiênica. A alimentação é curiosa. Somente uma vez por dia. A base de côco, a dieta é extremamente enjoativa, mas sai quase de graça. Muitos pernilongos. Muitos roubos. Um caos que nos faz ter a certeza de que cada vez mais o Brasil se distancia do conceito de terceiro mundo. Ou que cada vez mais os países ditos de quarto mundo estão em assenção. Não consegui alongar minha estadia, retornando ao Brasil em pouco menos de duas semas. Publico somente um trecho de minhas anotações pela a simples pretensão de que tais relatos rendam um livro num futuro não tão distante.

ENTRE VISTAS


Ao se falar da época dourada dos cassinos brasileiros, em um tempo não tão remoto, é impossível se esquecer de nomes como Joaquim Rolla. Empresário de importância nacional, concretizou obras como o Cassino Quintandinha em Petrópolis. O cassino teve suas atividades suspensas em 30 de abril de 1946, com a proibição do jogo no Brasil pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. Rolla detinha um poder econômico erguido repentinamente não só pelos seus empreendimentos turísticos, assim como por suas obras políticas (vide a construnção da ferrovia Vitória-Minas). Como o maior nome da história do jogo brasileiro durante o estado novo, Rolla sofreu muito com sua proibição, hoje fadado parcialmente ao esquecimento. Com uma conversa rápida, na casa de um amigo, descubri que este, além de parente da notável figura, está trabalhando em sua biografia, juntamente com o estudante Euler Corradi. O fato me chamou muita a atenção, o que me levou a criar esse "quadro" de entervistas. Segue trecho da entrevista realizada com o jornalista João Rolla:

-GNZ: Comente um pouco da história de Joaquim Rolla, dando prioriadade à sua relação com os jogos de azar. Por que a jogo foi proibido no Brasil nessa época?
-João: Joaquim veio de uma família de classe média, nunca frequentou escola, mas teve professor em casa que o ensinou o abecedário. Seu pai era açougueiro e ele foi tropeiro e construtor de estradas para o governo mineiro através de contatos com Arthur Bernardes. Interessante notar que por possuir um sobrenome ambíguo, é mais lembrado apenas como personagem pelo anedotário nacional. Uma das maiores piadas jornalísticas criadas com o nome de Juscelino Kubitschek proferida pelo folhetim o Binômio, quase fez o veículo fechar; "Juscelino vai pôr Rolla na Praça Raul Soares", alusão ao Conjunto JK em Belo Horizonte, que foi feito por Joaquim na época que já havia perdido esperanças com a volta do jogo no Brasil. Entrevistei o grande nome do Binômio, o jornalista José Maria Rabêlo, que se refere a ele como uma pessoa generosa, mesmo depois da piada. Ficou na história a versão de que o jogo foi proibido por pressão da Igreja Católica, através da esposa do presidente militar eleito pelo voto depois de 16 anos de Estado Novo, o general Eurico Gaspar Dutra. No período que possuía a tropa que levava e trazia as riquezas de sua São Domingos do Prata, Joaquim fora fascinado com o jogo de cartas, aonde perdeu toda a sua tropa de burros por mais de uma oportunidade. Passou vergonha com a família, vendia carne de boi pelo papel pra depois comprar o boi e cortar as partes vendidas. Lá por 1933, quando passou para o outro lado da roleta, nunca mais jogou e não aceitava ver pessoas da família envolvidas no jogo. Em pouco mais de dez anos no Rio de Janeiro, tornou-se um dos cinco homens mais importantes do Brasil, segundo Assis Chateaubriand.
-GNZ: O jogo possibilitou à Joaquim erguer um império monetário de destaque no país. Qual foi o motivo principal da proibição dos cassinos brasileiros, uma vez que sabemos que o fundamento religioso já foi descartado pela história. E também comente o seu ponto de vista sobre o governo ainda manter o ofício em proibição?
-João: Não é bem por aí, a questão religiosa pode ter tido seu peso na roibição do jogo no Brasil. Tanto que até hoje o país é o único da América Latina que não explora este tipo arrrecadador de turismo. É que a proibição teve conchaves políticos envolvendo importantes nomes da época que ainda não posso revelar, pois eles estavam minando pessoas ligadas o PRM (Partido Republicano Mineiro), ligados ao ex-presidente Arthur Bernardes. Pois o ex-comunista Carlos Lacerda também fazia campanha pelo fim do jogo na época que exercia o cargo de governador da Guanabara, prejudicando seu ex-patrão. Joaquim era o único empresário do país que fazia pressão por melhoras em investimentos turísticos, então ficou sozinho com a saída de Vargas. Já no segundo mandato, não fossem os escândalos que tinha que conter, mesmo eleito pelo povo, o caudilho de São Borja enfrentou um mandato conturbado, sem conseguir indicar projetos depois de criada a Petrobrás.
-GNZ: Lembro de ter-me dito que a proibição do jogo pode ser entendida como um boicote à Joaquim. Explique-se:
-João: O que eu posso realmente dizer é que o nome de Joaquim pesou naquela época, mas depois mesmo encabeçando grandes empreendimentos, nada deu muito certo. Desde o Terminal Turístico JK, aonde os apartamentos eram vendidos como flats mobiliados para a locação quando o dono do imóvel se ausenta. Ele tinha projetos ousados para aquela época, um exemplo; só de dez anos pra cá, este negócio de apart-hotel cresceu no Brasil. Joaquim segurou o Quitandinha em suas mãos até 1963, quando o atual proprietário, Adelino Borali adquiriu a jóia de Petrópolis. Sempre que via uma reportagem sobre o Quitandinha na TV, sempre diziam que se o jogo voltasse à legalidade no Brasil, o local retornaria a suas atividades originais depois de mais de 60 anos. Adianto que no livro terão muito mais subsídios para esta resposta, pois a pesquisa está apenas engatinhando. Marca um triênio aí.


Link para maiores informações:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Rolla
Contato com João:
psychojoanes@yahoo.com.br
Contato com Euler Corradi:
eulercorradi@hotmail.com


sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

DIÁLOGO DE SÁBADO A TARDE

Trecho extraído de uma conversa virtual entre Bruno (Bruno Duque) e CHIEN DE RUE(GNZ), ambos artistas plásticos recém formados. Segue o diálogo:
-Bruno diz: Acho que idéia já vem pronta. Execução de idéia é exibicionismo. Tem que saber executar. Eu não sei, mas não gosto. Gosto de mudar de idéia enquanto executo. Igual agente não consegue imaginar um objeto em todos os seus âmbitos. Uma coisa real não pode ser imaginada. Coisa é coisa e idéia é idéia. Transformar uma idéia em coisa pra depois ela ser olhada como idéia. Acho que é redutivo as "coisas" .
-CHIEN DE RUE... diz: A materialização da idéia nos trouxe ao grau de importância no cilco evolutivo em que vivemos agora.
-Bruno diz: Talvez o grau degradativo, foi conseguido por considerarmos uma idéia igual a uma "coisa".
-CHIEN DE RUE... diz: E o que me diz da relação entre a matéria e o sentimento? Enquanto expressão?
-Bruno diz: Subjetivo. Não existe. É subjetivo de quem faz
-CHIEN DE RUE... diz: Como a idéia e a concretização. Subjetivo a que ponto? E qual a distância filosófica entre a matéria/idéia e a matéria/sentimento?
-Bruno diz: idéia é comum senso. É palavra. Sentimento não.
-Bruno diz: Vou buscar uma cerveja e ja volto.
-CHIEN DE RUE... diz: Vc tinha dito q a idéia parte do senso comum e o sentimento não. Concordei. A idéia está relacionado ao senso comum, mas o sentimento também. E não vejo distância entre esses pólos. Para expressar um sentimento, antes tem q haver o gesto. E depois do gesto feito, remete à palavras .Entendi onde quer chegar, mas não vejo o pq de uma não se nivelar a outra.
-Bruno diz: Designação do sentimento é mais confuso que designação do objeto
-CHIEN DE RUE... diz: Diferentes, porém equilibradas enquanto portadoras de valores
-Bruno diz: Objeto e sentimento?
-CHIEN DE RUE... diz: A arte contemporânea trabalha o gesto. É fotográfica enquanto reprodução do real, como registro do ato e como materialização da idéia. Além do foco abordado
-Bruno diz: Não entendo onde vc quer chegar com isso. O que queria dizer é que muitas vezes se tenta transformar uma idéia em um objeto. Só que um objeto é muito maior que uma idéia.
-CHIEN DE RUE... diz: Nunca é. NUNCA. É apenas palpável
-Bruno diz: Mais real. Mais complexo
-CHIEN DE RUE... diz: Ilusório. Sensível. Longe de Platão, do mundo das idéias esse sim, real
-Bruno diz: Mundo das idéias é real? Não é não. Mundo das idéias é imaginação humana
-CHIEN DE RUE... diz: Não. A imaginação humana é material. As idéias transcendem ao homem
-Bruno diz: Que besteira. Idéia não é real, é ideal. Ideal não tem materialização. Material é objeto.
-CHIEN DE RUE... diz: Objeto é ideal. O real transgride essa idéia. O objeto é a idéia materializada. Cópia da cópia
-CHIEN DE RUE... diz: Teoria de Platão
-Bruno diz: Por isso que ele morreu, retardado que era! Hegel é muito mais esperto e sabe entender que o homem só entende umas coisas, mas as coisas existem sem o homem . Historia é coisa dos mortais, eu vou deixar o tempo espaço
-CHIEN DE RUE... diz: Hegel fala da morte da arte e da supremação filosófica!!!!!!!!
-Bruno diz: Isso é Kant não?
-CHIEN DE RUE... diz: Hegel
-Bruno diz: Então tá.
-CHIEN DE RUE... diz: Só sei que nada sei. Sócrates. Mas acho que gosto da arte contemporânea

INDO: OBITUÁRIO


-AGUINALDO RUFINO DE OLIVEIRA: 37 anos, natural de Betim, foi sepultado ontem no Cemitério Paroquial de Nossa Senhora do Carmo
-WESLLEI ANDRADE SANTOS: 31 anos, natural de Águas Formosas será sepultado hoje no cemitério de sua cidade natal
-MARLINDA GOUVÊIA DE TODAS: 44 anos, natural de Jundiaí, será sepultada hoje no cemitério da Colina
-PÉRICLES ADJAIR DE MADUREIRA COSTA: 22 anos, natural da Saquarema, foi sepultado hoje no Cemitério da Colina
-ROQUE ENROL DOS SANTOS DOM: 50 anos, natural de Liverpool, foi sepultado ontem no Cemitério José Mojica Marins
-GERALDO MAGELA DE SOUZA:57 anos, natural de Sabará, será sepultado hoje no Cemitério Nações Unidas, em Sabará
-MÁRCIO MARQUES DA SILVA: 30 anos, natural de Belo Horizonte, foi sepultado ontem no Cemitério da Colina
-NATIVIDADE ROSA DE MEIRELLES: 97 anos, natural de Mexiricas, foi sepultada ontem no Cemitério Da Esperança Partida
DESCANSEM EM PAZ

HORÓSCOPO


SAGITÁRIO:
Centauro. Em sua metade superior vem o homem. Abaixo, um quadrúpede. Preso nas limitantes patas de um cavalo, segue com seu arco e flechas caçando escorpiões para se alimentar. Ou seja, se alimenta de peçonhentos artrópodes rastejantes no obscuro. Irresponsável em sua maioria, os sagitarianos são descuidados e exagerados. Vêem sempre o lado positivo da vida, também pudera, são portadores de uma anomalia física intrigante. O valor anatômico do sagitariano está em suas coxas, não precisando nem dizer o motivo. O fígado também está associado ao sígno. Sendo assim, os sagitarianos que tiverem uma leve queda alcoólica devem tomar cuidado quanto à esse híbrido deleite. Se acham os donos da verdade ainda que ingênuos, sendo facilmente vítimas de golpes. Esse mês é do sagitariano. E promete. Promete mas não cumpre. O mês. O preço das ferraduras subiu consideravelmente nas últimas semanas. O que torna inviável a troca quinzenal do utensílio e a manutenção do casco. O asfalto de baixa qualidade aplicado no perímetro urbano também agrava o probelma de durabilidade do "calçado". Porém tem o lado positivo. A implantação por meios governamentais de rampas que facilitam a veiculação e o acesso por parte da população deficiente, substituindo as arcaicas escadarias nos prédios comerciais e legislativos proporciona aos sagitarianos o melhor uso do seu direito de ir e vir como qualquer outro cidadão. O aumento de exposições agropecuárias e a volta dos freakshows invadindo a cena televisiva contribui para a questão profissional de nossos personagens, além do fato de estarmos próximos aos jogos olímpicos, o que faz do sagitariano um atleta (por se tratar de um excelente arqueiro). Ao meu ver, não limitaríamos aos sagitarianos uma vaga restrita à paraolimpíada. Sendo asim desejo sorte aos que fazem parte desse nobre clã ao encarar o mês que carrega a tua essência.

APRECIE COM MODERAÇÃO


HUNTER THOMPSON
escritor/jornalista

Nascido nos final dos anos 30 no estado sulista do Kentucky/EUA, Hunter desenvolve sua obra a partir de algumas das mais presentes obsessões de seus coterrâneos. Alcoólatra. Drogado. Porém de fortes convicções políticas. Hunter não camuflava seu interesse bélico. Crítico dos costumes maléficos e vícios socias, Thompson contracena com sua própria denúncia, misturando então de forma quase que homogênia a crítica e seu objeto em análise. Sua carreira jornalística se dá início nos anos 60. Acidentalmente, Thompson dá origem ao que pode ser chamado de Jornalismo Gonzo. Agora a captação da informação é feita de maneira participativa. O texto é redigido em primeira pessoa e se apresenta munido de ironias e sarcasmos o que o torna ambíguo na relação entre o real e a ficção. Queria focar o compromisso com a verdade. Desobediente o bastante para posteriormente ser enquadrado como um dos mais importantes ícones da contra-cultura. Gonzo. Segundo alguns teóricos a palavra originou-se da gíria franco-canadense gonzeaux, que significaria algo como "caminho iluminado". Hunter em sua nova forma de jornalismo, além de integrar o caráter participativo à matéria, tecia uma breve alegoria surreal ao incorporar suas experiências alucinógenas ao contexto crítico e dissertativo.
Seu primeiro artigo genuinamente gonzo foi The Kentucky Derby is Decadent and Depraved, publicado em 1970 na revista Scanlan's Monthly. Escalado para cobrir uma tradicional corrida de cavalos local, Thompson chafurda em um torpor alcoólico que durou por quatro longos dias, na companhia do artista Ralph Steadman. Ao redigir a matéria ele não se preocupa em relatar o resultado da corrida ( ainda porque nem fazia idéia de quem havia ganhado ou perdido). Porém concebe um ácido artigo sobre a sociedade sulista botando por terra a objetividade jornalística. Outra de suas experiências que viria a se tornar seu mais renomado livro (Fear and Loathing in Las Vegas: A Savage Journey to the Heart of the American Dream) trata-se da narrativa em primeira pessoa de seu alter ego (Raoul Duke) viajando até Las Vegas para cobrir uma corrida de motocross e uma convenção de promotores públicos sobre drogas, em companhia do seu bizarro advogado samoano. Ambos sob efeitos alucionógenos, de todos os gêneros possíveis e imagináveis. O livro rendeu filme, onde Hunter é representado pelo amigo Jhonny Depp e leva o nome traduzido de Medo e Delírio (um bom título a ser apresentado no quadro Dicas Do Velho Sofá, desse mesmo blog) Seu trágico final ganhou repercussão na mídia brasileira ainda que pouco conhecido por essas bandas. Em fevereiro do ano de 2005, Hunter suicida com um tiro de espingarda na cabeça, deixando um fúnebre bilhete onde apresentava um diálogo depressivo e desmotivado. Teve seu corpo cremado e suas cinzas lançadas ao céu por um pequeno foguete. Quem se protificou a arcar com as despesas da cerimônia foi o mesmo a interpretá-lo no filme, o ator e amigo Jhonny Depp. Descanse em paz, Mr. Gonzo. E aos leitores, somente uma única recomendação: Aprecie com moderação....