sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

APRECIE COM MODERAÇÃO


HUNTER THOMPSON
escritor/jornalista

Nascido nos final dos anos 30 no estado sulista do Kentucky/EUA, Hunter desenvolve sua obra a partir de algumas das mais presentes obsessões de seus coterrâneos. Alcoólatra. Drogado. Porém de fortes convicções políticas. Hunter não camuflava seu interesse bélico. Crítico dos costumes maléficos e vícios socias, Thompson contracena com sua própria denúncia, misturando então de forma quase que homogênia a crítica e seu objeto em análise. Sua carreira jornalística se dá início nos anos 60. Acidentalmente, Thompson dá origem ao que pode ser chamado de Jornalismo Gonzo. Agora a captação da informação é feita de maneira participativa. O texto é redigido em primeira pessoa e se apresenta munido de ironias e sarcasmos o que o torna ambíguo na relação entre o real e a ficção. Queria focar o compromisso com a verdade. Desobediente o bastante para posteriormente ser enquadrado como um dos mais importantes ícones da contra-cultura. Gonzo. Segundo alguns teóricos a palavra originou-se da gíria franco-canadense gonzeaux, que significaria algo como "caminho iluminado". Hunter em sua nova forma de jornalismo, além de integrar o caráter participativo à matéria, tecia uma breve alegoria surreal ao incorporar suas experiências alucinógenas ao contexto crítico e dissertativo.
Seu primeiro artigo genuinamente gonzo foi The Kentucky Derby is Decadent and Depraved, publicado em 1970 na revista Scanlan's Monthly. Escalado para cobrir uma tradicional corrida de cavalos local, Thompson chafurda em um torpor alcoólico que durou por quatro longos dias, na companhia do artista Ralph Steadman. Ao redigir a matéria ele não se preocupa em relatar o resultado da corrida ( ainda porque nem fazia idéia de quem havia ganhado ou perdido). Porém concebe um ácido artigo sobre a sociedade sulista botando por terra a objetividade jornalística. Outra de suas experiências que viria a se tornar seu mais renomado livro (Fear and Loathing in Las Vegas: A Savage Journey to the Heart of the American Dream) trata-se da narrativa em primeira pessoa de seu alter ego (Raoul Duke) viajando até Las Vegas para cobrir uma corrida de motocross e uma convenção de promotores públicos sobre drogas, em companhia do seu bizarro advogado samoano. Ambos sob efeitos alucionógenos, de todos os gêneros possíveis e imagináveis. O livro rendeu filme, onde Hunter é representado pelo amigo Jhonny Depp e leva o nome traduzido de Medo e Delírio (um bom título a ser apresentado no quadro Dicas Do Velho Sofá, desse mesmo blog) Seu trágico final ganhou repercussão na mídia brasileira ainda que pouco conhecido por essas bandas. Em fevereiro do ano de 2005, Hunter suicida com um tiro de espingarda na cabeça, deixando um fúnebre bilhete onde apresentava um diálogo depressivo e desmotivado. Teve seu corpo cremado e suas cinzas lançadas ao céu por um pequeno foguete. Quem se protificou a arcar com as despesas da cerimônia foi o mesmo a interpretá-lo no filme, o ator e amigo Jhonny Depp. Descanse em paz, Mr. Gonzo. E aos leitores, somente uma única recomendação: Aprecie com moderação....

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