sábado, 2 de dezembro de 2006

ENTRE VISTAS


Ao se falar da época dourada dos cassinos brasileiros, em um tempo não tão remoto, é impossível se esquecer de nomes como Joaquim Rolla. Empresário de importância nacional, concretizou obras como o Cassino Quintandinha em Petrópolis. O cassino teve suas atividades suspensas em 30 de abril de 1946, com a proibição do jogo no Brasil pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. Rolla detinha um poder econômico erguido repentinamente não só pelos seus empreendimentos turísticos, assim como por suas obras políticas (vide a construnção da ferrovia Vitória-Minas). Como o maior nome da história do jogo brasileiro durante o estado novo, Rolla sofreu muito com sua proibição, hoje fadado parcialmente ao esquecimento. Com uma conversa rápida, na casa de um amigo, descubri que este, além de parente da notável figura, está trabalhando em sua biografia, juntamente com o estudante Euler Corradi. O fato me chamou muita a atenção, o que me levou a criar esse "quadro" de entervistas. Segue trecho da entrevista realizada com o jornalista João Rolla:

-GNZ: Comente um pouco da história de Joaquim Rolla, dando prioriadade à sua relação com os jogos de azar. Por que a jogo foi proibido no Brasil nessa época?
-João: Joaquim veio de uma família de classe média, nunca frequentou escola, mas teve professor em casa que o ensinou o abecedário. Seu pai era açougueiro e ele foi tropeiro e construtor de estradas para o governo mineiro através de contatos com Arthur Bernardes. Interessante notar que por possuir um sobrenome ambíguo, é mais lembrado apenas como personagem pelo anedotário nacional. Uma das maiores piadas jornalísticas criadas com o nome de Juscelino Kubitschek proferida pelo folhetim o Binômio, quase fez o veículo fechar; "Juscelino vai pôr Rolla na Praça Raul Soares", alusão ao Conjunto JK em Belo Horizonte, que foi feito por Joaquim na época que já havia perdido esperanças com a volta do jogo no Brasil. Entrevistei o grande nome do Binômio, o jornalista José Maria Rabêlo, que se refere a ele como uma pessoa generosa, mesmo depois da piada. Ficou na história a versão de que o jogo foi proibido por pressão da Igreja Católica, através da esposa do presidente militar eleito pelo voto depois de 16 anos de Estado Novo, o general Eurico Gaspar Dutra. No período que possuía a tropa que levava e trazia as riquezas de sua São Domingos do Prata, Joaquim fora fascinado com o jogo de cartas, aonde perdeu toda a sua tropa de burros por mais de uma oportunidade. Passou vergonha com a família, vendia carne de boi pelo papel pra depois comprar o boi e cortar as partes vendidas. Lá por 1933, quando passou para o outro lado da roleta, nunca mais jogou e não aceitava ver pessoas da família envolvidas no jogo. Em pouco mais de dez anos no Rio de Janeiro, tornou-se um dos cinco homens mais importantes do Brasil, segundo Assis Chateaubriand.
-GNZ: O jogo possibilitou à Joaquim erguer um império monetário de destaque no país. Qual foi o motivo principal da proibição dos cassinos brasileiros, uma vez que sabemos que o fundamento religioso já foi descartado pela história. E também comente o seu ponto de vista sobre o governo ainda manter o ofício em proibição?
-João: Não é bem por aí, a questão religiosa pode ter tido seu peso na roibição do jogo no Brasil. Tanto que até hoje o país é o único da América Latina que não explora este tipo arrrecadador de turismo. É que a proibição teve conchaves políticos envolvendo importantes nomes da época que ainda não posso revelar, pois eles estavam minando pessoas ligadas o PRM (Partido Republicano Mineiro), ligados ao ex-presidente Arthur Bernardes. Pois o ex-comunista Carlos Lacerda também fazia campanha pelo fim do jogo na época que exercia o cargo de governador da Guanabara, prejudicando seu ex-patrão. Joaquim era o único empresário do país que fazia pressão por melhoras em investimentos turísticos, então ficou sozinho com a saída de Vargas. Já no segundo mandato, não fossem os escândalos que tinha que conter, mesmo eleito pelo povo, o caudilho de São Borja enfrentou um mandato conturbado, sem conseguir indicar projetos depois de criada a Petrobrás.
-GNZ: Lembro de ter-me dito que a proibição do jogo pode ser entendida como um boicote à Joaquim. Explique-se:
-João: O que eu posso realmente dizer é que o nome de Joaquim pesou naquela época, mas depois mesmo encabeçando grandes empreendimentos, nada deu muito certo. Desde o Terminal Turístico JK, aonde os apartamentos eram vendidos como flats mobiliados para a locação quando o dono do imóvel se ausenta. Ele tinha projetos ousados para aquela época, um exemplo; só de dez anos pra cá, este negócio de apart-hotel cresceu no Brasil. Joaquim segurou o Quitandinha em suas mãos até 1963, quando o atual proprietário, Adelino Borali adquiriu a jóia de Petrópolis. Sempre que via uma reportagem sobre o Quitandinha na TV, sempre diziam que se o jogo voltasse à legalidade no Brasil, o local retornaria a suas atividades originais depois de mais de 60 anos. Adianto que no livro terão muito mais subsídios para esta resposta, pois a pesquisa está apenas engatinhando. Marca um triênio aí.


Link para maiores informações:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Rolla
Contato com João:
psychojoanes@yahoo.com.br
Contato com Euler Corradi:
eulercorradi@hotmail.com


Um comentário:

Anônimo disse...

jornalista joao rolla!
quando eu tiver uma cidade vai ter uma importante avenida com esse nome!