
Aperta.
Além da oferta.
Tá perto.
Um porto.
Um parto.
Mais outro quarto.
A parte.
Aperte.
Aponte outro fato.
Infarta.
Ainda que o silêncio de uma imagem ou mesmo que a cegueira parcial de uma sonoridade sustente um lírico valor incondicional, faço da gramática um berço para a metamorfose constante de minha existência...







Ingredientes: 1 xícara e 1/2 (chá) de amarelo papiro. 1/2 xícara (chá) de óleo de máquina. 1 colher (sopa) de sal grosso. 500g de verde e adicione a gosto 2 a 3 mídias (qualquer uma que dê liga). 300g de contemporaneidade ralada e uma pitada de anarquismo desenfreado.


Como os assuntos debatidos nos 2 posts anteriores foram: a arte como prostituta e a anarquia como forma de mercado, me deparei com a questão de que na atualidade é raro se achar algum manifesto artístico que possa ser cunhado à questão filosófica do anarquismo. O rap undergroud a meu ver é o movimento que mais se assemelha ao cumprimento de tais requisitos, uma vez que parte da auto-suficiência seja no setor produtivo como no setor divulgativo do trabalho. A primeira questão a ser levada em conta é de que para se montar a melodia desejada, o produtor torna atuante o processo de apropriação de outros elementos sonoros, ignorando assim todo o burocrático processo de defesa do direito autoral. Ainda debatendo sobre a montagem da harmonia, a bricolagem não necessita de um profundo conhecimento musical ( e sim uma sensibilidade musical) dando maior importância ao domínio tecnológico como programador. A liberdade expressionista de escolha, sabendo-se que praticamente todos estilos musicais se adequam à batida eletrônica do rap. Outro ponto latente é o de que geralmente as produções são caseiras e de baixo orçamento, em alguns casos chegando a comprometer a qualidade do seu produto final. Seguindo a idéia do "faça você mesmo", as produções se vêem livres de gravadoras, selos, mídias não tão independentes como a internet (nossa maior aliada). Hoje se é possível a postagem gratuita para o artista do seu trabalho em sites da web, proporcionando a divulgação, a interação entre o artista e o público e o acesso direto ao material publicado. Não podendo esquecer também a liberdade poética contida no rap underground desde a escolha dos temas abordados ao total descarte por um tema qualquer a ser escolhido.
A arte é uma puta!!-Quem vende arte é quem lucra com ela. Cafetão.-O sistema da arte é o caralho. Rijo. Que só fode.-A galeria é uma buceta. Aberta. Tá fodida mas tá curtindo. Tá ganhando.-Os tarados são os excêntricos colecionadores dispostos a pagar o alto preço.-O artista na verdade é o cu. Que vive no aperto, é visado, e mesmo doído só se fode no final.A crítica? Responsável pela maquilagem do orifício em oferta, pela lavagem dos lençóis e pelo controle de natalidade; a final em toda zona tem um filha da puta!!!
A popularização da desordem ainda que contrária ao termo anarquista, proporcionou a disseminação coletiva de seus precedentes caóticos agora de baixo teor subversivo, por entre as diferentes camadas sociais. Trocando em miúdos, hoje a anarquia é um ícone pop inserido no mercado de contra-cultura. Transgredida dos velhos manuscritos anárquicos de Mikhail Bakunin, transformista ao passar por Proudhon e Kropotikin, ela atravessa o metamórfico processo poético nas palvras de Hakim Bey, dos autores beatniks, até cair no mercado exaustivo quando diretamente relacionada ao movimento punk, mesmo que literário. Basta analisar o processo a partir desse perído. A anarquia passa de uma filosofia à uma faca de dois gumes. De um estudo teórico à uma experiência contraditória quando mal atuada. A anarquia ganha além do direito de se estabelecer enquanto ícone social, como o dever de suportar uma causa enquanto símbolo de um exposto ponto de vista. Indo além de suas propriedades a anarquia ganha espaço no mercado sendo agora a principal protagonista de um consumo não confesso por parte da massa adolescente, deixando de lado o caráter maduro e filosófico como seria de sua intenção primogênita. É vendida em livros, camisetas, bottons e adesivos. É explorada em video-clipes, em músicas tocada pelas grandes rádios, por grandes selos e indústias fonográficas. É vendida como estilo de vida ainda que sua concepção atual seja utópica. É diretamente ligada ao movimento punk, hoje mais pop do que nunca, porém...
Provocações: Um programa de idéias. Um encontro de cultos - à certeza, do entrevistado, e à incerteza, do entrevistador. "Um programa comandado pelo consagrado diretor teatral Antônio Abujamra. Misturando talk show com uma espécie de sarau literário, a atração faz reflexões sobre sociedade, educação, cultura, artes e comportamento, com convidados que vão de acadêmicos e artistas a trabalhadores comuns e moradores de rua."*(1) Exibido pela TV CULTURA nas noites de quarta feira (23h).

