sexta-feira, 24 de novembro de 2006

ANARCHY FOR SALE

A popularização da desordem ainda que contrária ao termo anarquista, proporcionou a disseminação coletiva de seus precedentes caóticos agora de baixo teor subversivo, por entre as diferentes camadas sociais. Trocando em miúdos, hoje a anarquia é um ícone pop inserido no mercado de contra-cultura. Transgredida dos velhos manuscritos anárquicos de Mikhail Bakunin, transformista ao passar por Proudhon e Kropotikin, ela atravessa o metamórfico processo poético nas palvras de Hakim Bey, dos autores beatniks, até cair no mercado exaustivo quando diretamente relacionada ao movimento punk, mesmo que literário. Basta analisar o processo a partir desse perído. A anarquia passa de uma filosofia à uma faca de dois gumes. De um estudo teórico à uma experiência contraditória quando mal atuada. A anarquia ganha além do direito de se estabelecer enquanto ícone social, como o dever de suportar uma causa enquanto símbolo de um exposto ponto de vista. Indo além de suas propriedades a anarquia ganha espaço no mercado sendo agora a principal protagonista de um consumo não confesso por parte da massa adolescente, deixando de lado o caráter maduro e filosófico como seria de sua intenção primogênita. É vendida em livros, camisetas, bottons e adesivos. É explorada em video-clipes, em músicas tocada pelas grandes rádios, por grandes selos e indústias fonográficas. É vendida como estilo de vida ainda que sua concepção atual seja utópica. É diretamente ligada ao movimento punk, hoje mais pop do que nunca, porém...
... não vou proporcionar lucros à oportunistas, que usarão da ideologia anárquica para efetuar sua demanda capitalista, e tornar comercial a anti-cultura. Trazendo para grifes, shoppings, galerias um símbolo que vai muito além de distorcidas guitarras e gritos por revolução. Não ostento meu caráter anárquico trajando uma camiseta silkada, ou discursando teorias enlatadas compradas nas lojas da quinta avenida. Não percebem que a grande jogada está nesse marketing? Não faz muito tempo, exercia eu o meu direito à estupidez quando transitava de emissora à emissora bricando com o controle remoto do televisor, quando não pude deixar de notar que em uma novela global, o protagonista trajava uma camiseta do conjunto inglês The Clash ( tido como um dos precursores do movimento punk na Inglaterra). Não seria imensa a ironia? Assim como a apropriação, não apenas do símbolo, por parte de gifes e colocadas à venda por um preço altamente lucrativo aos pequenos empresários. É válido o conceito de que tudo hoje em dia é absorvido e subvertido pelo sistema, talvez até pela falência declarada de suas doutrinas e de seus valores enquanto conceituais. O jeito seria então conformar-nos com a fúnebre idéia de que a extinção filosófica do processo anárquico seja emergente e que também seria irreversível a mutação de seus valores uma vez transgredidos?? Ou seria esse o momento exato para a afirmação pre-estabelecida de suas propriedades tornando evidente suas necessidades teóricas diferenciadas do veículo propagador mal intencionado??

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