domingo, 26 de novembro de 2006

TRILHA DA MADRUGADA


álbum: Dizzy´s Party
artista: Dizzy Gillespie




Um dos maiores instrumentistas e um dos mais famosos compositores do cenário jazz norte-amenricano, Dizzy Gillespie foi um dos fundadores de maior peso do estilo Be-Bop (estilo que por volta de 1945 se opôs ao convencional estilo tocado por os jazzistas da época. Seu nome surge das onomatopéias pronunciadas pelos músicos imitando o fraseado frenético dos seus instrumentos. O be-bop ao contrário das até então comuns Big Bands que dominavam o cenário, agora se apresenta como um conjunto de menor escala, privilegiando também os solistas de grande virtuosismo. Talvez o elemento que sofreu a maior modificação dentro da revolução be-bop tenha sido o ritmo, com a proliferação de síncopas e de figuras rítmicas complexas. É flexível e nervoso o seu fraseado. Sua pegada angulosa. Cheia de saltos que exigem uma técnica instrumental muito amadurecida. As enormes sessões de improvisos ganham espaços no repertório musical.) Em 1976, Dizzy ao lado de músicos como Rodney Jones(guitar), Benjamin Franklin Brown(fender bass), Mickey Roker(drums) e Paulinho da Costa(percussion) lança álbum que viria a ser, na minha modesta opinião, o mais eclético e experimental álbum de sua carreira. Este disco traz uma mistura equilibrada de jazz com funk, passando pelo terreiro do samba indo aterrissar no cenário de discoteca que se fazia presente nas noites daquela mesma data. Mesclando ritmos e introduzindo à sonoridade outros instrumentos atípicos do jazz conservador, a alquimia harmônica do álbum é bem sucedida quando cumpre o papel experimentalista sem perder a cadência temática quanto a fuidez sonora em perfeito equilíbrio. Contra-tempos, assim como a quebra da melodia facilmente digerível, permeiam o universo denso do disco, apesar das poucas e longas faixas. Extremamente contagiante, eufórico, dançante e de extrema poética auditiva. O álbum foi produzido por Norman Granz, um pioneiro em misturar jazz com outros estilos musicais. A primeira faixa do disco: Dizzy´s Party (faixa que assina o disco) é carregada de groove, inspirada no funk norte-americano dos anos 70 e na discoteca, ela conta com uma linha de percussão afro-brasileira que preenche todo o transe dos magistrais solos de trompete. Apenas 9 minutos e 44 segundos de intenso raciocínio sonoro. A faixa seguinte: Shim Sham onh the St. Louis Blues ( 7 minutos e 5 segundos) começa com uma breve desconstunção melódica até dar início um diálogo entre a bateria, o baixo, e a guitarra miúda espirrada à dupla. Um trecho de Summer Time aparece no trompete que logo em seguida sai a passeio. A percussão assume o caráter latino do samba brasileiro em golpes munidos de ginga tupiniquim. A guitarra aparece solando ao meio, anunciando a bateria e o esboço precursivo de um beat box. A terceira e penúltima faixa leva o nome de: Harlem Samba (a menor faixa do disco com apenas 3 minutos 29 segundos). A faixa desde o início é explosiva e esbanja conteúdo percussivo. É óbvia a participação eminete do trompete em solo, porém agora contracendando com uma flauta soprada pelo músico Ray Pizzi que também assina os saxofones gravados no álbum. O baixo assim como no disco todo é bastante forte. A última música: Land Of Milk And Honey (12 minutos e 32 segundos) é a mais extensa das faixas. De groove intesno e de uma perfeita roupagem ao estilo black convencional, é onde Dizzy explora com delicadeza toda sua temática, apesar de munida de solos longes de serem ordinários. Frases pequenas e bem situadas povoam o ambiente dançante da faixa que finaliza a "festa". Um excelente disco que merece destaque na coleção de todo adorador desse estilo riquíssimo em conteúdo experimental.

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