terça-feira, 28 de novembro de 2006

DICAS DO VELHO SOFÁ


Como o próprio nome sugere, o quadro consiste em eleger filmes (sejam eles documentários, longa metragens, curtas, musicais, ou até mesmo cinema de animação) com a intenção dissertativa de seu conteúdo para a análise posterior de sua assistência. Como cinéfilo assíduo, atrevo-me a exercer meu leigo direito crítico de opinião, uma vez que me torno despretensiosamente o mediador entre a obra e o caro leitor. A escolha para a abertura do quadro foi de difícil conclusão ainda que desprovida de dúvida quanto à contagem dos votos.
O filme selecionado foi O Sétimo Selo, do aclamado e polêmico diretor Ingmar Bergman. Representante de peso do cinema transcendental dos clássicos anos 50 (além de importante nome entre os geniais cinemas de autoria) o sueco diretor assina obras como Morangos Silvestres, O Ovo da Serpente e Persona. Em 1956 Bergman lança o que viria a ser referência cinematográfica à todo o mundo, O Sétimo Selo (Det Sjunde Inseglet). Como característica eminente em todos os suas trabalhos, Bergman aborda temas intrínsecos à existência humana como a morte, o desejo e a religiosidade. Revela com O Sétimo Selo uma alegoria sobre a busca infinita por um sentido mediante aos caos instaurado na Europa do século XIII, devastada pela Peste Negra. Ao retornar das cruzadas, o cavaleiro Antonius Block (personagem interpretado pelo ator Max Von Sydow) encontra devastada pela peste sua aldeia. Nisso se depara com a morte que veio então leva-lo. Block recusa o convite sem antes o entendimento sobre o sentido da vida. Propõe à inesperada aparição uma partida de xadrez, na tentativa de burlar a única certeza que o habita. Vence a partida, porém é seguido pela morte ao vagar pelo ambiente medieval da Suécia do século XIII. Nesse trajeto Block descobre os aspectos mais repugnantes do dogma religioso, como a inquisição que valida a prática da tortura e o espectro fúnebre da morte que segue se alimentando da fraqueza ignorante do ser humano e o próprio questionamento sobre a existência de Deus. . O filme esbanja conteúdo pagão ao propor o confronto direto à filosofia racional e a religião. 96 minutos de uma belíssima alegoria cinzenta ao capítulo 8 do Livro das Revelações, O Apocalipse.

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