quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

ENTRE VISTAS

Entrevista cedida por Douglas S. 22 anos, ex detento do sistema carcerário mimeiro. Segue o texto em anexo:

-GNZ: Então, soube que passou mais de um ano detido por crime hediondo. Poderíamos começar a entrevista citando seu delito e sua sentença..
-Douglas: Bem, fui enquadrado na antiga lei de tóxicos no Art.12 da lei 6368. Condenado a uma pena base de 3 anos e 6 meses no regime integralmente fechado. No caso, essa lei se refere ao tráfico de drogas e o regime imposto é aquele em que a pessoa deve cumprir 2/3 da sua pena exclusivamente na cela. Sem os possíveis benefícios concedidos pela lei brasileira, como a progressão de regime, que possibilita trabalhos dentro dos presídios, ou externos. No meu caso específico a lei estava passando por transformações e eu pude obter benefícios. Atualmente a lei mudou, desde sua numeração (agora Art.33) até referente ao tempo de pena (mínima de 5 anos e maxíma de 20)
-GNZ: Possou por quantos presídios, nesse tempo de pena cumprido?
-Douglas: Bem, presídio apenas um. Passei por dois distritos , um cadeião e um presídio.
-GNZ: Cadeião?
-Douglas: É. Quando a pessoa é detida ela é encaminhada para um distrito polocial(DP). Depois ela é encaminhada para um cadeião, que seria uma espécie centro de remanejamento de presos onde os detentos esperam o julgamento. E caso condenados, transferidos para um presídio.Tecnicamente é isso aí. Mas na prática o sistema carcerário é controlado pela Polícia Civil no estado de Minas Gerias. É uma verdadeira indústria de ganhar dinheiro sujo. Pois estas " transferências" na verdade custam caro. Acontecem caso a pessoa tenha contatos ou caso pague propina. Muitas pessoas que são condenadas acabam mofando nos distritos e muitas vezes cumprem toda a pena em condições desumanas.
-GNZ: No seu caso, preso com 500g de maconha, qual foi a forma de ganhar transferência para um presídio melhor?
-Douglas: Devido à demora nos andamentos processuais, geralmente se obtem a liberdade desses cadeiões ou se é transferido para um presídio. No meu caso fui transferido para um distrito, e uma semana depois para um presídio. Graças à ajudas de familiares.
-GNZ: E lá dentro, como é?
-Douglas: Outro mundo. Uma outra visão de mundo,bem mais instintiva digamos assim. Exitem várias regras a serem obedecidas, tanto no convívo entre os presos quanto com os policiais. Violência é o ínicio de tudo. Infelizmente é a causa. O início, o meio e o fim desse processo tosco. Mas as formas de violência se adaptam ao tempo e lá dentro expecificamente ela é constante.
-GNZ: Muito se diz que após cumprir pena uma vez, é fácil o retorno. O que me diz disso?
-Douglas: Importante ressaltar que é facil sim, pois esse mundo de ilusões as vezes se torna atraente demais e geralmente as pessas quando saem estão de alguma forma abaladas pelo o ocorrido e decidem levar esse tipo de vida. Tudo na vida é escolha. Você pode sim, dizer não. Pra concluir queria dizer que tudo na vida passa. A pior prisão é a da mente. O tempo que é inimigo. E viva! Como sempre dizia um amigo"na guerra é pior, parceiro!"

Um comentário:

Anônimo disse...

Saparada,só tem pobre na cadeiaaaaa!