terça-feira, 28 de novembro de 2006

DIÁLOGO DE SÁBADO A TARDE


Trecho de uma conversa um tanto quanto surreal entre luiz(Loise) e CHIEN DE RUE(Gnz) nessa madrugada de terça-feira chuvosa. Segue o texo:
-luiz diz: Que se foda a gramática, que se foda o lirismo, que se foda a rebusca. Que se fodam as flores, que se fodam os nerds, que se fodam os poetas. Que se fodam as cores, que se foda a estética, que se foda. São todos ridículos, são todos banais. Palavras bonitas são apenas bonitas quando não dizem nada. Pessoas são não-pessoas se não sabem o que dizem. Jogam palavras ao vento, desperdiçam sentimentos.
-luiz diz: Pois isso aqui então é um não-texto, e você acabou de ler nada, escrito por alguém que não existe.
-CHIEN DE RUE... diz: Foda mal dada. O nada. A cada oposta guinada.
-CHIEN DE RUE... diz: Assim como não escrevo o que leio quando recíproco ao argumento instantâneo.
-CHIEN DE RUE... diz: A consciência é literária ainda que o sentimento não.
-CHIEN DE RUE... diz: Nomes aos bois.
-luiz diz: os bois não têm nome, simplesmente. são coisas e perigam estar vazios de significado. já a consciência literária é perigosa, assim como sei que sabe. angustia, aflige e pode até matar. deveria vir com advertência do ministério da saúde na embalagem. e o argumento instantâneo foi certeiro: é exatamente disso que se trata: uma foda mal dada, uma aposta não acertada.
-CHIEN DE RUE... diz: Bois são coisas.
-luiz diz: são
-CHIEN DE RUE... diz: Assim como a palavra que mata. A mata que se lavra. Em pá.
-luiz diz: exatamente, mas podem ser não-coisas, dependendo de pontos de vista. da vista do poeta que não sabe escrever, do leitor que não sabe ler, da vaca que não sabe dar, nem leite e nem cú, do bezerro que não sabe mamar. das pessoas que não sabem amar.
-luiz diz: não-pessoas e não-coisas: não-bois
-CHIEN DE RUE... diz: mas a embalagem do devaneio lírico não vem lacrada. não sendo cabível então à ela um rótulo qualquer que seja ainda que munido de um manual de instrução salvo a gramática mediante ao desaforo da licença poética pertinente em diálogos pré concebidos. A negação prepotente de sua retórica me fez crer que a má interpretação de seus próprios antecedentes o transforma em um simulacro de si mesmo ao confrontar sua fobia interna
-luiz diz: devaneios líricos são espontâneos, o que acredito ser sincero e legítimo. mas se a negação da retórica foi prepotente que transformam e fazem surgir um simulacro de si mesmo, por mais que tenha título de rótulo de embalagem de tarja preta sem bula, me parece algo cretino. mas já nem sei mais, pois nunca soube mesmo e nem faz mais sentido nenhum, me perdi no labirinto das palavras do homem boné
-CHIEN DE RUE... diz: acontece que a negação partiu de sua pessoa hehehehehe
-luiz diz: o primeiro não-pessoa da história, desde que sampleou as idéias de outro não pessoa
-luiz diz: partiu mesmo. partiu e acabou nela
-CHIEN DE RUE... diz: e de minha parte, o devaneio não se faz prepotente, pois admito que tudo aquilo sobre o qual disserto não é verdadeiro podendo também não ser falso
-luiz diz: admito isso também, apenas nao tinha dito antes
-luiz diz: admito muito e repito, se for preciso
-luiz diz: já repetindo
-CHIEN DE RUE... diz: Plágio de não-pessoa? Qual seria o plágio e qual seria a não pessoa? Fernando é que não foi, pois Fernando Pessoa, assim como Ronaldo Fraga....
-luiz diz: aí já não sei, apenas a sua consciência ou inconsciência ou insanidade lietrária pode dizer
-CHIEN DE RUE... diz: Não pode, assim como minhalma é muda!
-luiz diz: caralho, essa é a alma muda mais falante que eu já conheci!!!
-CHIEN DE RUE... diz: não é ela que fala
-CHIEN DE RUE... diz: é o macaco não coisa que mora dentro da minha fantasia
-luiz diz: ah! tá explicado então!!!
-luiz diz: um não-macaco falante fantasiado de homem boné conversando com um simulacro arrogante de uma fantasia mal-interpretada
-CHIEN DE RUE... diz: chegando lento à lugar algum....



(como os textos são extraídas de conversas virtuais prefiro eu manter a originalidade do seu conteúdo assim como a não correção ortográfica e gramatical do resultado)

3 comentários:

Luiz Antônio Navarro disse...

caro não-macaco falante fantasiado de homem boné,

percebi, lendo novamente esse nosso diálogo de terça-feira chuvosa, que a sua surrealidade surgiu por alguns motivos, além daqueles que são infinitos. conversamos através de fragamentos de significado que surgiam e seguiam em curvas também fragmentadas (música, pois ruídos também são musicais). primeiro por causa da estanteneidade, que misturou as falas em momentos quase iguais. não se trata de um ping-pong de palavras, mas sim um sumô semiótico.
mas que se foda a semiótica e análise detalhada de qualquer insignificante significado de formalidade.
o recheio do bolo psicodélico está na grande afronta e dissecação que o vosso não-macaco fantasiado de homem boné faz ao (agora percebido) simulacro arrogante de uma fantasia menos-mal-interpretada.
a embalagem do devaneio lírico não vem mesmo lacrada, sendo possível qualquer coisa, e mesmo não-coisa (que seja. bois, vacas, pessoas, macacos etc, e suas negações).
mas mesmo a negação tem a sua própria negação. a negação da negação.
e quando se percebe isso é mais fácil chegar mais rápido ou mais lento em algum lugar ou lugar nenhum.

Gabriel Caram disse...

aqui jaz a palavra

Gabriel Caram disse...

aqui jaz a palavra