O Filme: Meu Tio (Mon Oncle) - 1958
Direção: Jacques Tati
Duração: 116 min.
Com: Jacques Tati, Jean Pierre Zola, Adrienne Servantie e Lucien Fregis
Direção: Jacques Tati
Duração: 116 min.
Com: Jacques Tati, Jean Pierre Zola, Adrienne Servantie e Lucien Fregis
Tati estabelece em Meu Tio uma crítica direta ao culto à modernidade tecnológica, já vigente na década que procede a Primeira Guerra. O título faz referência ao único membro da família que não se encaixa nessa mentalidade corrente, personagem interpretado pelo próprio diretor. Este por não se enquadrar no sistema social que englobara não somente toda a família, acaba por cativar o sobrinho. Uma crise de ciúmes é instaurada nod cômodos da imodesta moradia. A personagem vivida por Tati faz o contraponto de tal ambiente. Tio Hulot, assim como é chamado, vive numa confusa periferia em que a ordem é estabelecida pelos próprios moradores. Quando em visita à casa da irmã, atravessa as ruínas de um muro que representa a ruptura da cidade tradicional com a cidade moderna. De um lado a praticidade monótona que ambientaliza a hierarquia familiar dentro de uma modernidade impessoal. Do outro, a simplicidade mecânica, geradora de motivações e digna de coerência social. Uma barreira que não apenas segrega o novo do convencional, porém heterogniza seus valores intrínsecos quando coloca em questão a padronização do juízo estético emergente na Europa da década de 50. O filme extrapola a simples documentação do contraste entre a modernidade e a era recém ultrapassada. A obra satiriza a interferência provocada pelas inovações tecnológicas no ambiente doméstico/familiar, alterando a convivência entre os habitantes da casa. Esta que apresenta um conceito rebuscado em termos de design, praticidade funcional e suposto conforto oferecidos aos moradores. Seria como se a própria estrutura ditasse as regras, expondo toda uma invariável metodologia à ser seguida pela castrada família. Nada discreta, a modernidade além de chamar a atenção pelo petulante design e pela funcionalidade questionável de suas adaptações, carrega uma algazarra tecnológica insuportável a qualquer que se faça presente. Pelo elevado teor de ironia, pela crítica direta à modernidade, pela irreverência de seus personegns, Meu Tio é um dos poucos filmes que conseguem se manter atuais mesmo após completar 45 anos. E assim continuará por muito tempo. Vale ressaltar o talento do diretor na interpretação da personagem principal. Na época do seu lançamento, Meu Tio teve pouco público na França: oito milhões de espectadores. Depois que foi distribuído fora do país, além de cultuado pela crítica, se transformou no filme mais conhecido de Jacques Tati. O filme venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes, em 1958.
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