quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

VOU DE TÁXI

Chovia muito. Estávamos nós espremidos debaixo de uma estreita marquise, chegando ao centro da grande cidade. Não passava de onze da noite. Os intensos pingos de chuva se cofundiam em meio ao alegórico colorido sintético, das luzes que enfeitavam a noite paulistana na véspera de natal. Éramos nós, apenas. Muito de se estranhar o pouco movimento que nos rodeava. Quase nulo, salvos gordos pingos que explodiam ao tocar a sarjeta. Fazia frio, como todo final de ano chuvoso. Não gozávamos todos naquele momento, de abundante sanidade, juízo ou parcimônia mental, tormando-nos facilmente vulneráveis. Tínhamos pouco dinheiro, mas precisávamos chegar ao hotel. Foi quando avistei em meio ao embaçado cenário, um táxi estacionado há poucos metros de nós. Fomos os quatro, correndo em direção ao automóvel. Às pressas, adentramo-nos à embarcação, fechando de súbito as portas do veículo na intenção de menos molhar. "Ipiranga com Avenida São João, por favor!"- dei as instruções. Comentávamos entre o grupo, o quão era difícil a locomoção de turistas desinformados dentro da região central, partindo apenas da orientação que lhes é ofertada em placas e pontos referenciais. Sabíamos que seria quase impossível o retorno ao hotel sem nenhum auxílio externo. Eufóricos, dávamos sequência à irrelevante discussão. Foi quando percebi, passados quinze minutos, que não havíamos saído do lugar. Pudera. Ao adentrarmos no táxi, quase me estado de êxtase, não percebemos a falta do elemento principal daquela situação. O motorista ali não se encontrava.
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(Baseado em fatos reais)

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