sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

APRECIE COM MODERAÇÃO

Jello Biafra. 48 anos. Ex vocalista e líder do grupo punk Dead Kennedys. Considerado fundador do hardcore, o grupo era mais valorizado pelas suas posições políticas do que pela própria música, isso sendo parte do impacto. Jello é um ativista político. Vê o dinheiro como uma das drogas mais perigosas que se alastra por todo o globo, causando a dependência voraz desde o primeiro contato do usuário com o tal . Não fala nada sem pensar.Um dos mais cáusticos e influentes críticos da política de seu país natal, insuflando idéias socialistas e revolucionárias para centenas de milhares de jovens há pouco mais de 20 anos. Se candidatou a prefeito de San Francisco há 27 anos, obtendo o inesperável terceiro lugar. Passa seu dia lendo e escrevendo, mal tendo tempo para usufruir do computador, que não possui. O único homem que pode ainda ser considerado o maior punk vivo da história da contra-cultura. Vive perto de São Francisco em uma casa própria sem muito luxo. Gravadores, muito papel e uma enorme biblioteca carregada de livros de história e política ambienta o cenário. Em suas letras, ainda na sua antiga banda punk Dead Kennedys, percebemos a fúria e a ironia presentes, e que ainda estão a serviço da resistência ao silencioso totalitarismo que, segundo ele, faz dos EUA o triunfo do facismo. Adora falar. Mesmo quando enumera vitórias de seus desafetos, parece sentir certa alegria vaidosa, comum nos homens coerentes. Ri ao relatar como foi usurpado de suas próprias composições depois de uma batalha legal pelo controle sobre a obra dos DK. Hoje não manda nos direitos e é obrigado a ver suas músicas em comerciais publicitários, a banda em turnê em festivais pagos por grandes corporações com seu rosto nos cartazes – tudo o que sempre lutou contra. Mas Jello Biafra recomenda: “Não vá aos shows dos Dead Kennedys nem ao menos compre os discos!”. Vez ou outra o autor recebe algum valor monetário desses dividendos, usando-o para cobrir o inevitável saldo negativo de seu selo musical, Alternative Tentacles Records, que lança bandas do underground americano. Punks? Nem sempre. “Música criativa”, diz ele, que entre um livro e outro pode gastar tempo escutando country music, trilhas de filme ou uma nova descoberta. Certeza é que Jello vai seguir firme, mesmo que a guerra já esteja perdida, lançando discos, discursando e esvaziando seus bolsos para convencer a molecada que o segue como um pastor humanista de que a última coisa que o dinheiro traz é felicidade.

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