quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

NA MESA DO PATRÃO

Surdo, notei que o velho martelo explodia ao pálido chão de azulejo. Deslizara por toda minha úmida palma até que, seco, trouxera o trovão para dentro da sala. Teria eu poucos minutos até que as sirenes gritassem meu nome. As poças de rubro tom ardiam próximas ao corpo, que ainda insistia tremor. Teria eu pouco tempo. O silêncio de meu algodão absorvera todo o medo contido nos golpes que não me levaram à lona. Pudera. Seria o mesmo algodão que trouxera respeito e dignidade àquele maldito escritório. Tranquei minha culpa em nó de gravata. E ainda coberto por meus afazeres, sentei-me à mesa do chefe ausente, tragando o último sopro de vida, agora com mais liberdade.

Um comentário:

Gabriel Caram disse...

estilo daltom trevisan e rubem fonseca...heuheaohaeouea
du doido!