terça-feira, 26 de dezembro de 2006

PERFÍDIA PER VIEW

E ao destampar o estojo de lata oxidado pela marisia, certificou-se estar diante de um dos mais ricos tesouros dentre os quais dedicara a vida buscando. Levando em conta de que estes não foram tão poucos. Tamanha opulência valera cada segundo eterno que, desde o berço, lhe fizera prisioneiro. Tantos foram os prantos. As noites de insônia. Tantas foram as marchas, quer seja em ingnotus oceanos, quer seja em firme terra. Tantas foram as perdas. O transitório rebanho. Muitos de seus homens não puderam o gozo de semelhante ventura. Sabia ele, mais do que qualquer outro pirata de mesmo fado, que não tardaria tal vaticínio. Finalidade esta que anularia quaisquer das medidas tomadas por ele, e por toda a sua tripulação ao longo de sua penitência. Um torpe espetáculo em campanha. Porém ali estava. Diante de débil boceta de ferro, esta que portava o mais valioso dos sortilégios. Este, que em errôneas palmas, ofertaria ao mundo ilimitadas tribulações. Foi quando, em inopinado golpe, que seu juízo é então abatido por lâminas antes fiéis. E nos lacônicos últimos segundos de sua consciência, percebeu o quão pesadas eram as contrárias pegadas que se extinguiam pelo escaldante tapete, de nem tão albina areia. E esta foi a última imagem que para ele, tornara a vida infinta.

Um comentário:

Gabriel Caram disse...

triste pensar que tem quem entenda o peso de seus passos apenas nos ultimos golpes da consciencia rumo ao infinito.HO HO HO