domingo, 3 de dezembro de 2006

ORANGO TANGO


Convite.
Ao bailar de suas impotências.
Ela, a Solidão.
Em negro veludo que justo se ajusta.
O perfume do manto.
Este cosido pela mágica linha da escuridão.
Estrelas em jóias. O véu.
Envolve seu par, cúmplices de um único crime.
Ele, o Frio.
Em nobre postura.
Veste a noite em paletó.
O peso de suas largas ombreiras.
A negra e cética gravata lhe engasga susurros.
O ar de um sóbrio bufão.
Em seu linho petróleo, desliza a sola em couro.
Rasga a cadência de sua vaidade.
E com o dorso em confronto poético com a Solidão, lágrimas chovem o tango.
Mesmo quando o tempo pára pra breve aplauso.